segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mulher e Política - Propriedade dos homens

Sou comunista, milito em um partido comunista que compreende a emancipação da sociedade e a superação do sistema capitalista e suas características mais atrasadas como um processo longo, desafiador e revolucionário, tendo no sistema socialista a possibilidade de estabelecer novos valores, novas relações entre os seres humanos e um novo sistema produtivo. Mas não vou ser hipócrita e afirmar que mesmo nas relações partidárias conseguimos estabelecer esses novos valores e relações, afinal todos fomos educados, recebemos os valores, os ensinamentos de uma sociedade com bases capitalistas, e estamos profundamente ligados à todos os vícios desta sociedade, que vê pessoas como objetos de comércio, mercadorias, propriedade. Em A ORIGEM DA FAMÍLIA, DA PROPRIEDADE PRIVADA E DO ESTADO, Engels quase desenha a construção (ou descontrução) do papel da mulher desde tempos mais primitivos até a sociedade moderna, onde a mulher passa a ser mais uma propriedade do homem, intrumento de prazer, de reprodução (qualquer dia eu vou fazer algumas considerações a respeito do livro que eu e a marcela discutimos). Hoje, a opressão é mais sutil, inteligente até, para manter a mulher em uma condição de inferioridade, e eu escrevi isso tudo pra reproduzir uma postagem que demonstra claramente a sutileza - ou não - e destreza do machismo no século XXI. Diretamente do blog do Marcelo Coelho, da Folha de São Paulo (hummmmm, coincidência????):

18/08/2009
Lina Vieira, Dilma Rousseff

Imperdível, neste momento, o depoimento de Lina Vieira ao Senado Federal. Tenho dúvidas quanto ao impacto real que poderá causar na credibilidade de Dilma Rousseff. Mas do ponto de vista simbólico, é impressionante o contraste entre a feminilidade de Lina Vieira e a dureza de Dilma. Um bom marqueteiro teria de levar em conta o artigo de Danuza Leão, na “Folha” deste domingo. Dilma dá medo. Não penso nas qualidades que ela poderia ter, sem dúvida notáveis, como presidente do Brasil. Mas é curioso ver as diferentes formas de identidade feminina que começam a entrar em jogo na disputa eleitoral. Marina Silva, Heloísa Helena, Dilma Rousseff: que mulheres são essas?
O grande problema de uma mulher combativa é o de não parecer histérica. Dilma vence esse teste com total segurança. Entretanto, há algo de assustador na sua atitude; uma Thatcher de esquerda, será este o perfil de um próximo presidente do Brasil?
Interessante que Lula, nascido da luta sindical, seja atualmente um papai bonachão, conciliador e evasivo.
Nesse sentido, Dilma seria tanto a sucessora natural de Lula quanto uma espécie de antípoda.
Não me esqueço de sua brutalidade quando a indagaram sobre a construção de um novo aeroporto nos arredores de São Paulo. A promessa tinha sido feita. Os repórteres perguntavam: será em Jundiaí? será em Viracopos? Dilma engrossou: “se eu soubesse, não diria a vocês”. Mas ela sabia perfeitamente de uma coisa: nenhum novo aeroporto seria construído.
Dilma enfrenta a imprensa como um inimigo. Lula trata a imprensa como uma criança manipulável.
A feminilidade de Heloísa Helena é de outra ordem. A militância abafa sua identidade. Poderia ser atraente, se não se restringisse ao cabelo puxado, aos óculos, à camiseta branca.
Representa, na verdade, a mesma dureza que Dilma encarna, numa versão mais burguesa.
Por que, indago, não ser simplesmente uma mulher?
Marta Suplicy bem que tentou. Mas o botox e sua agressividade natural estragaram o poder que ela poderia ter.
Marina Silva tem, mesmo nos momentos de maior indignação, certa fragilidade na voz. Não é desejável sexualmente: mas verdadeira em seu corpo, em seu rosto, em sua pele.
Nenhum charme nasce de Marina Silva. De certo modo, é o negativo de Dilma Rousseff, cuja ausência de charme não passa despercebida a ninguém.
Resta Lina Vieira. Foi, afinal, massacrada no Senado por Romero Jucá, líder da base governista. Tornou-se frágil, delicada, do jeito que todo homem espera de uma mulher. Triste e bonito destino.

(PS: o papel de Aloisio Mercadante nessa sessão foi infame).

Escrito por Marcelo Coelho às 12h34


SIMPLES ASSIM!!!!!!

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