sábado, 21 de agosto de 2010

Show abre evento histórico dos blogueiros progressistas

André Cintra, Carta Capital

Uma roda de chorinho e samba, comandada pelo jornalista Luis Nassif, dará a largada para o maior evento na história da blogosfera brasileira. Às 20 horas desta sexta-feira (20/8), começa em São Paulo o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas – um feito que tem tudo para fazer avançar a luta pela democratização da mídia no país.

(...) Já o restante da programação, no sábado (21) e domingo (22), está marcado para o Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, ao lado da Câmara Municipal, no Centro paulistano. É lá que os 312 participantes inscritos acompanham a mesa de abertura, as oficinas, parte dos grupos de discussão e a plenária final.

(...) Para Paulo Henrique Amorim, blogueiro do Conversa Afiada e também membro da Comissão Organizadora, a blogosfera já mostrou a que veio. “Antigamente, os tucanos de São Paulo davam três telefonemas e controlavam o Brasil. Eles ligavam para o Doutor Roberto (Globo), o Ruy Mesquita (O Estado de S. Paulo) e o Seu Frias (Folha de S.Paulo) e governavam a opinião pública brasileira. O que desmontou essa estratégia concentrada em três telefonemas foi a blogosfera.”

Já Luis Nassif fala em “nova etapa” para definir os desafios atuais dos blogs progressistas. “Nos últimos anos, montamos uma rede de grande impacto para impedir as maluquices da direita e o processo avassalador da mídia. Essa guerra acabou”, afirma o jornalista. “Agora é preciso enfrentar as divergências entre nós mesmos – entre os blogueiros dessa frente. É uma oportunidade para mostrar que a blogosfera comporta essa democracia.”

Mais do que democrático, o encontro também será altamente representativo. É fato que o estado de São Paulo vai responder por pouco mais de 60% dos blogueiros mobilizados – mas haverá representantes de outros 17 estados e do Distrito Federal. Um dos maiores objetivos dos organizadores – atrair estudantes para os debates – também foi bem-sucedido. Pelo menos 90 inscritos são universitários, sobretudo de Comunicação Social.

No encontro, esses jovens blogueiros, tuiteiros ou simples internautas poderão ter contato com as principais referências em blogs progressistas no Brasil. É o caso de Luiz Carlos Azenha (Viomundo), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Emir Sader (Blog do Emir) e Brizola Neto (Tijolaço) – além dos já citados Altamiro Borges, Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Partidos descumprem os 30% para mulheres

fonte: www.prosaepoesia.blogspot.com
Por Regina Abrahão

Como anda o cumprimento da lei que garante os 30% de mulheres para candidaturas proporcionais nas eleições 2010? Segundo o TSE, a regra não está sendo cumprida, fazendo com que faltem 537 candidatas para a Câmara Federal. Em Minas Gerais, campeã do descumprimento da lei, este número chega a 96. Ainda em Minas, seriam necessárias 161 mulheres candidatas a deputadas estaduais para o cumprimento da lei. Num dos Estados mais machistas do país, apenas um partido cumpriu a cota de 30% nos dois níveis, federal e estadual.
Nacionalmente, nove dos 27 estados do Brasil não conseguiram fechar suas cotas. Para o ministro Ricardo Lewandowsi, do TSE, o percentual de candidatas para partidos e coligações deve ser observado “de forma imperativa”, sugerindo aos que não cumpriram a regra duas alternativas: Ou a diminuição do número de candidatos homens, ou a busca e inscrição de mais candidatas mulheres.
O que preocupa nesta conjuntura, porém, não é só o não-cumprimento da lei. Os partidos que não alcançaram o número de mulheres necessário, em busca de razões para apresentar ao TSE poderiam simplesmente inscrever algumas mulheres para garantir a não-retirada de candidaturas masculinas. Mas sem proporcionar a elas recursos necessários para suas campanhas.
Cabe a nós, mulheres, atenção a estas candidaturas. Se de fato queremos mecanismos capazes de diminuir as desigualdades e opressões, não podemos aceitar a posição de “laranjas” eleitorais. Que na prática só serviria para garantir a continuidade de dominação que tanto contestamos.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

por motivações psicológicas, emocionais, fisiológicas e técnicas...

... eu e Marcela andamos ausentes.

Mas lendo o VERMELHO hoje vi e achei fastástica a publicação do Brizola Neto em seu blog Tijolaço sobre as mentiras que contam sobre o Serra, e como AS MARIAS (às vezes, quando nos convém) abrem espaço para todos os pontos de vista, reproduzo o texto com grande espírito democrático que nos move no período eleitoral.

Brizola Neto: para ninguém dizer que eu não ajudo o Serra

A campanha de Serra na internet lançou a versão on-line dos “esquadrões serristas” que estão percorrendo o país em busca de “boatos” sobre o que ele considera mentiras a seu respeito.

Por Brizola Neto, no blog Tijolaço

Para não dizerem que eu só falo mal do “coiso”, já ofereço logo a minha contribuição sobre notícias falsas que se andam espalhando sobre o candidato tucano.

1- Serra está nas frentes das pesquisas: Boato difundido por um certo instituto Datafolha, com sede na Av. Barão de Limeira, em São Paulo;

2- Serra é o pai dos genéricos:
Notícia evidentemente falsa, uma vez que o próprio Serra acabou dizendo que “nem sabia que existia genérico” quando entrou no Ministério da Saúde. A fonte do boato é o programa de propaganda eleitoral do PSDB;

3- Serra defende a privatização: Boato espalhado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao site da revista Veja;

4- Aécio Neves está fazendo corpo mole na campanha de Serra e se vingando da rasteira que tomou quando o ex-governador paulista vetou a realização de prévias no PSDB: A fonte desta matéria notóriamente inverídica é o jornal Folha de S.Paulo, na sua edição de ontem;

5- O vice I. da Costa foi enfiado goela abaixo de José Serra: Mentira: Como o próprio Serra disse, da Costa é “um rapaz de quem eu gostava especialmente”, embora só o tenha encontrado uma vez antes da designação, assim mesmo numa mesa de churrascaria durante o jogo do Brasil com a Coreia do Norte. Todos sabem que a grita do DEM, as reuniões que vararam madrugadas, e o anúncio público de que o vice seria Álvaro Dias foram só brincadeirinha;

6- Os pedágios paulistas são caríssimos: Todos sabem que isso não passa de “trololó” dos petistas e do jornalista Heródoto Barbeiro, que perdeu seu emprego na TV cultura por espalhar a informação inverídica. O governador Geraldo Alckmin também é um dos boateiros, pois admitiu que é preciso rever o valor dos pedágios estaduais;

7- A cratera do metrô não foi resultado de obras mal executadas durante a gestão tucana: Qualquer criança sabe que ela foi destruída por um disparo de raio laser vindo de uma galáxia distante;

8- O Jardim Romano não passou quase dois meses debaixo de água: O alagamento das ruas na verdade foi uma obra performática para que os pobres pudessem ver o reflexo de sua própria situação.

9- Serra não é de direita: Calúnia. É uma afirmação que se desmonta com a simples constatação de que seus aliados são Paulo Maluf, Orestes Quércia, Kátia Abreu, os Bornhausen, Jair Bolsonaro, a Globo e a Folha.

10- José Serra tem chances de ganhar a eleição: Boato que qualquer brasileiro sabe, não tem a menor possibilidade de ser verdade.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Faltando menos de três meses para o primeiro turno das Eleições 2010, o EstudanteNet lança Especial sobre a disputa eleitoral


O objetivo é esclarecer e ampliar o debate a cerca dos rumos do Brasil e levar informação para que os jovens se interessem ainda mais pela vida política do país. As eleições são fundamentais no sistema democrático em que vivemos, no qual votar é exercer um direito. Um direito à escolha de representantes responsáveis por decisões que interferem diretamente em nossas vidas. Acompanhe as reportagens do Especial, que estreia hoje abordando a participação da mulher na política nacional:

Especial Eleições 2010: mais políticas para as mulheres e mais mulheres na política
Campanha nacional estimula a reflexão e o debate sobre a presença das mulheres nos espaços de poder e decisão no Executivo e Legislativo brasileiro

O voto das mulheres faz bastante diferença nas eleições brasileiras. Atualmente, (segundo o TSE) elas representam 52% dos eleitores brasileiros (69.473.795 votantes), contra 48% de homens (64.456.332 votos). Por outro lado, apesar de serem mais da metade da população e de disporem de cotas que beneficiam a classe nas eleições, o mesmo não acontece com as candidaturas.

Para mudar essa realidade, volta às ruas a campanha “Mais mulheres no poder. Eu assumo este compromisso”. Lançada em 2008, ela defende que nas eleições a sociedade brasileira poderá ampliar o número mulheres eleitas, transformando o quadro de desigualdade que predomina nos âmbitos legislativos e executivos estaduais, distrital e federal.

Com apoio da Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPM), o Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos e o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher divulgam nova edição da Plataforma pela Igualdade de gênero, racial e étnica. O documento é baseado nos compromissos firmados no 2º Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e traz sugestões de políticas para as mulheres a serem assumidas por candidatas e candidatos de todos os partidos políticos. O fórum multipartidário é formado por representantes de instâncias de mulheres de 16 legendas: DEM, PCB, PCdoB, PDT, PHS, PMDB, PP, PPS, PR, PRB, PSB, PSDB, PT, PTB, PTN e PV.

Números
O balanço de registros em 2008 divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que a participação feminina na disputa por cargos eletivos é bem abaixo do percentual masculino. De um total de 375.655 registros de candidaturas para cargos nas prefeituras dos municípios brasileiros (prefeito, vice-prefeito e vereadores), apenas 74.837 (20,96%) eram de mulheres.

As mulheres não chegam a 20% nos cargos de maior nível hierárquico no parlamento, nos governos municipais e estaduais, nas secretarias do primeiro escalão do poder executivo, no judiciário, nos sindicatos e nas reitorias. O quadro de ‘subrepresentação’ é ainda mais grave se olharmos o número de mulheres negras e indígenas – sejam eleitas ou candidatas.

Empoderamento feminino
Apenas as empresas já conseguem alcançar o percentual de 20% de chefes do sexo feminino. Uma cultura de divisão sexual do trabalho, preconceito e subalternidade ainda dificulta a autonomia e presença feminina nas decisões cruciais à vida da comunidade.

A diretora de Mulheres da UNE, Fabíola Paulino, compartilha dessa opinião e ressalta que ao invés de tratar o tema como “mulher no poder”, seria mais adequado dizer “mulher nos espaços de decisão”. Em entrevista para o EstudanteNet, ela afirmou que o período eleitoral é um bom momento para se refletir o porquê elas têm tanta dificuldade de candidatarem. “É preciso debater a participação da mulher na sociedade ontem e hoje”, disse, citando a herança de submissão a das mulheres.

A condição desfavorável em que se encontram as brasileiras é avaliada também pela deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP). “É preciso promover a formação e a capacitação política das mulheres e propiciar-lhes condições objetivas para que possam disputar em igualdade de condições com os homens os espaços de poder”. Cotas referentes aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo gratuito de rádio e televisão dos partidos destinados às mulheres colaborariam no sentido de equilibrar os espaços, opinou Erundina ao conversar com o EstudanteNet.

Fabíola também entende que, além das cotas de gênero, é importante a garantia de financiamento das candidaturas femininas. E não se trata de votar na “mulher simplesmente porque é mulher. Elas é que deverão conduzir o processo de transformação da sociedade, e têm que estar comprometidas com políticas emancipatórias”, defende.

Luiza Erundina, na vida pública desde a década de 1980, ressalta que a sociedade brasileira certamente só tem a ganhar com a inclusão feminina na política. “A sociedade passaria a contar com a participação das mulheres nas decisões e na busca de soluções para os graves problemas do país, além de contribuir para elevar o nível de democracia e de civilização no Brasil", explica.

Ao lamentar a representatividade das mulheres no Parlamento, que tanto na Câmara quanto no Senado não chega a 10%, a deputada federal Elcione Barbalho (PMDB-PA), bastante ativa no núcleo de mulheres do partido, é categórica: “aumentar a participação da mulher nos espaços de decisão permite que ela atue com protagonismo na implementação de políticas que garantam mudanças sociais referentes à questão de gênero", declara.

No ar desde 2008, o site traz mais detalhes da campanha, além de estudos e notícias sobre o tema. Visite: www.maismulheresnopoderbrasil.com.br.

Sandra Cruz
Jornalista da União Nacional dos Estudantes.

Fonte: www.une.org.br

Revolução verde (e amarela)

* Por Luciano Rezende

Poucas pessoas no Brasil são tão qualificadas como Aldo Rebelo para exercer uma tarefa tão espinhosa como a que lhe foi atribuída de relatar sobre o Código Florestal. Fosse Aldo um agrônomo ou engenheiro florestal possivelmente puxaria mais para o lado da produção agrícola. Fosse um biólogo ou engenheiro ambiental, talvez enveredasse para a tese do desmatamento zero. Mas como um nacionalista e democrata formado nas mais diversas trincheiras de lutas, amparando-se e ouvindo todos os lados em jogo, soube bem colocar os interesses nacionais em primeiro plano.

Na própria academia não há consenso entre os pesquisadores sobre os diversos temas que abordam o Código Florestal. Como a natureza é dinâmica (e dialética), tudo se relaciona e às vezes uma comprovação científica desconectada de suas inúmeras variáveis cai por terra.

O que falar, por exemplo, sobre o papel do gás carbônico na natureza? Com o aumento da concentração do CO2 na atmosfera, atribuído à atividade humana, tem-se a aceleração do chamado aquecimento global e suas nefastas conseqüências ambientais implicadas ao homem. Por outro lado, como aprendemos no ensino fundamental, é justamente esse CO2 um dos substratos básicos para a fotossíntese que, juntamente com a água e a energia luminosa, irão permitir que as plantas sintetizem os carboidratos e liberem o oxigênio. Para as matas e florestas (principalmente as espécies de metabolismo fotossintético C4) o incremento de CO2 pode ser benéfico para seu desenvolvimento. Não se quer dizer com isso, tampouco, que as emissões desse e outros gases diversos não devam ser monitorados, mas precaver os mais afoitos de que há muita complexidade em um debate que não deve ficar apenas à luz do terrorismo ambiental.

O que dizer sobre as famigeradas queimadas que destroem nossa mãe-natureza? Pode-se dizer, sem medo de errar, que não fossem esses incêndios naturais o cerrado brasileiro não teria se desenvolvido tal como nós o conhecemos. Ou seja, esse bioma riquíssimo seria outro, completamente diferente. O fogo também faz parte desse complexo jogo da vida ambiental e é componente intrínseco dela. É o aquecimento das sementes mais recalcitrantes o mecanismo vital capaz de tirá-las da dormência e promover a nova vida que surgirá robustecida. Também a rebrota de novos pastos nativos e a ciclagem de alguns nutrientes pode ser atribuída ao fogo. Na evolução das espécies, a vegetação tortuosa do cerrado com suas cascas de cortiça que funcionam como isolante térmico desenvolveu-se sempre ao lado do fogo. Posto isto, defende-se a prática das queimadas como um manejo agrícola? O empresário agrícola, tão criticado por alguns ambientalistas, é o primeiro a repudiar essa prática, pois sabe muito bem que em sua propriedade poderá utilizar de outros métodos mais vantajosos financeiramente. A exceção vai para a abertura de novas áreas destinadas à agricultura e pecuária e até para pequenos produtores carentes de assistência técnica. Portanto, muita prudência ao generalizar os fenômenos da natureza no jogo maniqueísta de algumas ONGs que se advogam como representantes do bem e acusam agricultores de serem a encarnação do mal, sem ao menos conhecer as especificidades de nossos ecossistemas.

O que pensar, também, sobre um ciclo de avanços tecnológicos na agricultura ocorridos anos atrás, batizados de Revolução Verde? Sementes híbridas, fertilizantes químicos, inseticidas, mecanização e uso extensivo de tecnologia usados no plantio, na irrigação e na colheita não trouxeram apenas malefícios. Capitaneada por fundações como a de Rockefeller e subsidiadas por países ricos em detrimento a países pobres, a agricultura mundial viu acentuar a degradação ambiental e até cultural dos agricultores tradicionais que antes plantavam suas sementes crioulas e adubavam com esterco animal. Mas por outro lado, esse conjunto de inovações tecnológicas na agricultura permitiu à humanidade multiplicar a produção de alimentos várias vezes nessas últimas décadas, embora o problema da renda ainda persista. Não se pode jogar fora a água da banheira com a criança dentro. Não seria mais vantajoso promover a apropriação destas tecnologias – dentro de um programa racional de manejo integrado – pelos povos e nações periféricas? Nem a agricultura orgânica vai ser capaz de suprir às necessidades calóricas de mais de seis bilhões de pessoas, nem a agricultura convencional – baseada em altos aportes de insumos químicos – é sustentável em longo prazo. O ponto de equilíbrio é o manejo integrado de várias práticas: às vezes químicas outras biológicas e até ambas. Não há receita pronta e muito menos discurso concluso. O Plantio Direto na palha, manejo agrícola exemplar do ponto de vista conservacionista, adotado por grandes e pequenos produtores, foi desenvolvido em nosso país, baseado na realidade de nossos solos e fez com que os outrora pobres latossolos brasileiros não devessem nada aos ricos podzóis europeus.

Há vários outros pontos polêmicos que poderiam ser discorridos neste texto, com o objetivo único de pontuar a complexidade dos temas. Mas de uma coisa não resta dúvida: a coerência do deputado comunista Aldo Rebelo e sua disposição em defender os interesses do povo brasileiro.

Por isso mesmo é justa sua preocupação com os milhões de agricultores que plantam em morros ou várzeas. Os incas já produziam nos íngremes Andes de forma sustentável há milhares de anos e os chineses e indianos cultivam seus arrozais nas várzeas, também há milênios. A diferença é se o produtor vai arar morro abaixo (favorecendo a erosão) ou se vai cultivar plantas perenes em curva de nível utilizando terraços (como é o caso do café e frutíferas). Se vai drenar as várzeas e utilizar espécies estranhas ou se vai respeitar sua dinâmica e aproveitar as culturas adaptadas ao encharcamento, como é o caso do arroz.

Aí está também outro tema sensível e controverso que setores da direita – e mesmo da esquerda – tentaram achincalhar com a reputação de Aldo Rebelo: o que é nativo e o que é estrangeiro (exótico) em nossa agricultura? Rebelo, com seu estilo literário erudito e ao mesmo tempo popular, buliu com o fato de ser necessário naturalizar a jaqueira. Corretíssimo. E mais, seria o caso de se naturalizar não só a jaqueira, como também o arroz, o milho, a laranja, a cana, a braquiária, o cavalo, a vaca, e tantas outras culturas e animais que ao chegarem ao nosso continente tantos impactos ambientas impuseram. E nem por isso deixaram de contribuir imensamente com a nossa cultura, dieta alimentar e trabalho. Vide o exemplo do eucalipto.

Talvez nenhuma cultura seja tão vilanizada como o eucalipto. Acusam-no de promover os “desertos verdes” e de consumir níveis estratosféricos de água. Certamente, igual a todas as culturas extensivas (nativas ou exóticas), quando cultivadas, promovem impactos ambientais que vão desequilibrar o ecossistema em que se inserem. Mas não se pode deixar de mencionar que, com a chegada desta espécie ao solo nacional vinda da longínqua Oceania, há pouco mais de um século, essa árvore conseguiu ajudar a frear o desmatamento de espécies nativas, principalmente do cerrado, que antes alimentavam os fornos das siderúrgicas ávidos por lenha e carvão. Com o eucalipto conseguimos manter nossa pujante siderurgia nacional e parte de nossas florestas em pé.

O novo Código Florestal que se propõe é, portanto, matéria polêmica que deve ser guiado à luz da razão e dos interesses nacionais. Em defesa das florestas, mas também da agricultura e da soberania da Nação. Proteger a natureza e os seres humanos, como bem destaca um dos subtítulos do documento inicial.

A partir daí, deve-se ampliar cada vez mais o debate. O novo código não é eterno e imutável. De tempos em tempos deverá ser submetido a discussões e abrir-se à incorporação de medidas capazes de atualizá-lo de acordo com os novos consensos ou exigências que forem surgindo. Um Código Florestal que seja ao mesmo tempo firme e flexível a agregar novas concepções e idéias ambientalmente corretas e interessantes à Nação.

Por isso mesmo é importante repudiar como o “relatório Aldo” foi tratado. Da forma como foi abordado por parte de seus opositores fez lembrar até outro relatório histórico que levou o nome de seu mentor, Nikita Krushov, diante de tanto terrorismo que o abarcou. Ou daqueles relatórios típicos de Robert Conquest de satanização da URSS e do comunismo. Essa foi a tônica de boa parte da mídia, da direita conservadora e de incautos setores dos movimentos sociais ligados à temática ambiental.

O debate rasteiro e sensacionalista não interessa aos progressistas e democratas brasileiros. Muito menos a tentativa de desqualificar a figura revolucionária de Aldo é conveniente a todos os que reivindicamos uma revolução verde (de novo tipo) e amarela, com centralidade nos interesses da maioria do povo brasileiro.

* Luciano Rezende, engenheiro agrônomo, mestre em Entomologia e doutorando em Genética. Da direção estadual do PCdoB – MG. Colunista do Portal Vermelho.

terça-feira, 6 de julho de 2010

AGORA É CAMPANHA!!!!!!!!


COM 61 CANDIDATURAS À DEPUTADO E DEPUTADA ESTADUAL HOMOLOGADAS, O PCdoB ENTRA COM TUDO (E MAIS UM POUCO) NA CAMPANHA ELEITORAL A PARTIR DE HOJE.