sábado, 21 de agosto de 2010

Show abre evento histórico dos blogueiros progressistas

André Cintra, Carta Capital

Uma roda de chorinho e samba, comandada pelo jornalista Luis Nassif, dará a largada para o maior evento na história da blogosfera brasileira. Às 20 horas desta sexta-feira (20/8), começa em São Paulo o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas – um feito que tem tudo para fazer avançar a luta pela democratização da mídia no país.

(...) Já o restante da programação, no sábado (21) e domingo (22), está marcado para o Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, ao lado da Câmara Municipal, no Centro paulistano. É lá que os 312 participantes inscritos acompanham a mesa de abertura, as oficinas, parte dos grupos de discussão e a plenária final.

(...) Para Paulo Henrique Amorim, blogueiro do Conversa Afiada e também membro da Comissão Organizadora, a blogosfera já mostrou a que veio. “Antigamente, os tucanos de São Paulo davam três telefonemas e controlavam o Brasil. Eles ligavam para o Doutor Roberto (Globo), o Ruy Mesquita (O Estado de S. Paulo) e o Seu Frias (Folha de S.Paulo) e governavam a opinião pública brasileira. O que desmontou essa estratégia concentrada em três telefonemas foi a blogosfera.”

Já Luis Nassif fala em “nova etapa” para definir os desafios atuais dos blogs progressistas. “Nos últimos anos, montamos uma rede de grande impacto para impedir as maluquices da direita e o processo avassalador da mídia. Essa guerra acabou”, afirma o jornalista. “Agora é preciso enfrentar as divergências entre nós mesmos – entre os blogueiros dessa frente. É uma oportunidade para mostrar que a blogosfera comporta essa democracia.”

Mais do que democrático, o encontro também será altamente representativo. É fato que o estado de São Paulo vai responder por pouco mais de 60% dos blogueiros mobilizados – mas haverá representantes de outros 17 estados e do Distrito Federal. Um dos maiores objetivos dos organizadores – atrair estudantes para os debates – também foi bem-sucedido. Pelo menos 90 inscritos são universitários, sobretudo de Comunicação Social.

No encontro, esses jovens blogueiros, tuiteiros ou simples internautas poderão ter contato com as principais referências em blogs progressistas no Brasil. É o caso de Luiz Carlos Azenha (Viomundo), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Emir Sader (Blog do Emir) e Brizola Neto (Tijolaço) – além dos já citados Altamiro Borges, Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Partidos descumprem os 30% para mulheres

fonte: www.prosaepoesia.blogspot.com
Por Regina Abrahão

Como anda o cumprimento da lei que garante os 30% de mulheres para candidaturas proporcionais nas eleições 2010? Segundo o TSE, a regra não está sendo cumprida, fazendo com que faltem 537 candidatas para a Câmara Federal. Em Minas Gerais, campeã do descumprimento da lei, este número chega a 96. Ainda em Minas, seriam necessárias 161 mulheres candidatas a deputadas estaduais para o cumprimento da lei. Num dos Estados mais machistas do país, apenas um partido cumpriu a cota de 30% nos dois níveis, federal e estadual.
Nacionalmente, nove dos 27 estados do Brasil não conseguiram fechar suas cotas. Para o ministro Ricardo Lewandowsi, do TSE, o percentual de candidatas para partidos e coligações deve ser observado “de forma imperativa”, sugerindo aos que não cumpriram a regra duas alternativas: Ou a diminuição do número de candidatos homens, ou a busca e inscrição de mais candidatas mulheres.
O que preocupa nesta conjuntura, porém, não é só o não-cumprimento da lei. Os partidos que não alcançaram o número de mulheres necessário, em busca de razões para apresentar ao TSE poderiam simplesmente inscrever algumas mulheres para garantir a não-retirada de candidaturas masculinas. Mas sem proporcionar a elas recursos necessários para suas campanhas.
Cabe a nós, mulheres, atenção a estas candidaturas. Se de fato queremos mecanismos capazes de diminuir as desigualdades e opressões, não podemos aceitar a posição de “laranjas” eleitorais. Que na prática só serviria para garantir a continuidade de dominação que tanto contestamos.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

por motivações psicológicas, emocionais, fisiológicas e técnicas...

... eu e Marcela andamos ausentes.

Mas lendo o VERMELHO hoje vi e achei fastástica a publicação do Brizola Neto em seu blog Tijolaço sobre as mentiras que contam sobre o Serra, e como AS MARIAS (às vezes, quando nos convém) abrem espaço para todos os pontos de vista, reproduzo o texto com grande espírito democrático que nos move no período eleitoral.

Brizola Neto: para ninguém dizer que eu não ajudo o Serra

A campanha de Serra na internet lançou a versão on-line dos “esquadrões serristas” que estão percorrendo o país em busca de “boatos” sobre o que ele considera mentiras a seu respeito.

Por Brizola Neto, no blog Tijolaço

Para não dizerem que eu só falo mal do “coiso”, já ofereço logo a minha contribuição sobre notícias falsas que se andam espalhando sobre o candidato tucano.

1- Serra está nas frentes das pesquisas: Boato difundido por um certo instituto Datafolha, com sede na Av. Barão de Limeira, em São Paulo;

2- Serra é o pai dos genéricos:
Notícia evidentemente falsa, uma vez que o próprio Serra acabou dizendo que “nem sabia que existia genérico” quando entrou no Ministério da Saúde. A fonte do boato é o programa de propaganda eleitoral do PSDB;

3- Serra defende a privatização: Boato espalhado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao site da revista Veja;

4- Aécio Neves está fazendo corpo mole na campanha de Serra e se vingando da rasteira que tomou quando o ex-governador paulista vetou a realização de prévias no PSDB: A fonte desta matéria notóriamente inverídica é o jornal Folha de S.Paulo, na sua edição de ontem;

5- O vice I. da Costa foi enfiado goela abaixo de José Serra: Mentira: Como o próprio Serra disse, da Costa é “um rapaz de quem eu gostava especialmente”, embora só o tenha encontrado uma vez antes da designação, assim mesmo numa mesa de churrascaria durante o jogo do Brasil com a Coreia do Norte. Todos sabem que a grita do DEM, as reuniões que vararam madrugadas, e o anúncio público de que o vice seria Álvaro Dias foram só brincadeirinha;

6- Os pedágios paulistas são caríssimos: Todos sabem que isso não passa de “trololó” dos petistas e do jornalista Heródoto Barbeiro, que perdeu seu emprego na TV cultura por espalhar a informação inverídica. O governador Geraldo Alckmin também é um dos boateiros, pois admitiu que é preciso rever o valor dos pedágios estaduais;

7- A cratera do metrô não foi resultado de obras mal executadas durante a gestão tucana: Qualquer criança sabe que ela foi destruída por um disparo de raio laser vindo de uma galáxia distante;

8- O Jardim Romano não passou quase dois meses debaixo de água: O alagamento das ruas na verdade foi uma obra performática para que os pobres pudessem ver o reflexo de sua própria situação.

9- Serra não é de direita: Calúnia. É uma afirmação que se desmonta com a simples constatação de que seus aliados são Paulo Maluf, Orestes Quércia, Kátia Abreu, os Bornhausen, Jair Bolsonaro, a Globo e a Folha.

10- José Serra tem chances de ganhar a eleição: Boato que qualquer brasileiro sabe, não tem a menor possibilidade de ser verdade.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Faltando menos de três meses para o primeiro turno das Eleições 2010, o EstudanteNet lança Especial sobre a disputa eleitoral


O objetivo é esclarecer e ampliar o debate a cerca dos rumos do Brasil e levar informação para que os jovens se interessem ainda mais pela vida política do país. As eleições são fundamentais no sistema democrático em que vivemos, no qual votar é exercer um direito. Um direito à escolha de representantes responsáveis por decisões que interferem diretamente em nossas vidas. Acompanhe as reportagens do Especial, que estreia hoje abordando a participação da mulher na política nacional:

Especial Eleições 2010: mais políticas para as mulheres e mais mulheres na política
Campanha nacional estimula a reflexão e o debate sobre a presença das mulheres nos espaços de poder e decisão no Executivo e Legislativo brasileiro

O voto das mulheres faz bastante diferença nas eleições brasileiras. Atualmente, (segundo o TSE) elas representam 52% dos eleitores brasileiros (69.473.795 votantes), contra 48% de homens (64.456.332 votos). Por outro lado, apesar de serem mais da metade da população e de disporem de cotas que beneficiam a classe nas eleições, o mesmo não acontece com as candidaturas.

Para mudar essa realidade, volta às ruas a campanha “Mais mulheres no poder. Eu assumo este compromisso”. Lançada em 2008, ela defende que nas eleições a sociedade brasileira poderá ampliar o número mulheres eleitas, transformando o quadro de desigualdade que predomina nos âmbitos legislativos e executivos estaduais, distrital e federal.

Com apoio da Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPM), o Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos e o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher divulgam nova edição da Plataforma pela Igualdade de gênero, racial e étnica. O documento é baseado nos compromissos firmados no 2º Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e traz sugestões de políticas para as mulheres a serem assumidas por candidatas e candidatos de todos os partidos políticos. O fórum multipartidário é formado por representantes de instâncias de mulheres de 16 legendas: DEM, PCB, PCdoB, PDT, PHS, PMDB, PP, PPS, PR, PRB, PSB, PSDB, PT, PTB, PTN e PV.

Números
O balanço de registros em 2008 divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que a participação feminina na disputa por cargos eletivos é bem abaixo do percentual masculino. De um total de 375.655 registros de candidaturas para cargos nas prefeituras dos municípios brasileiros (prefeito, vice-prefeito e vereadores), apenas 74.837 (20,96%) eram de mulheres.

As mulheres não chegam a 20% nos cargos de maior nível hierárquico no parlamento, nos governos municipais e estaduais, nas secretarias do primeiro escalão do poder executivo, no judiciário, nos sindicatos e nas reitorias. O quadro de ‘subrepresentação’ é ainda mais grave se olharmos o número de mulheres negras e indígenas – sejam eleitas ou candidatas.

Empoderamento feminino
Apenas as empresas já conseguem alcançar o percentual de 20% de chefes do sexo feminino. Uma cultura de divisão sexual do trabalho, preconceito e subalternidade ainda dificulta a autonomia e presença feminina nas decisões cruciais à vida da comunidade.

A diretora de Mulheres da UNE, Fabíola Paulino, compartilha dessa opinião e ressalta que ao invés de tratar o tema como “mulher no poder”, seria mais adequado dizer “mulher nos espaços de decisão”. Em entrevista para o EstudanteNet, ela afirmou que o período eleitoral é um bom momento para se refletir o porquê elas têm tanta dificuldade de candidatarem. “É preciso debater a participação da mulher na sociedade ontem e hoje”, disse, citando a herança de submissão a das mulheres.

A condição desfavorável em que se encontram as brasileiras é avaliada também pela deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP). “É preciso promover a formação e a capacitação política das mulheres e propiciar-lhes condições objetivas para que possam disputar em igualdade de condições com os homens os espaços de poder”. Cotas referentes aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo gratuito de rádio e televisão dos partidos destinados às mulheres colaborariam no sentido de equilibrar os espaços, opinou Erundina ao conversar com o EstudanteNet.

Fabíola também entende que, além das cotas de gênero, é importante a garantia de financiamento das candidaturas femininas. E não se trata de votar na “mulher simplesmente porque é mulher. Elas é que deverão conduzir o processo de transformação da sociedade, e têm que estar comprometidas com políticas emancipatórias”, defende.

Luiza Erundina, na vida pública desde a década de 1980, ressalta que a sociedade brasileira certamente só tem a ganhar com a inclusão feminina na política. “A sociedade passaria a contar com a participação das mulheres nas decisões e na busca de soluções para os graves problemas do país, além de contribuir para elevar o nível de democracia e de civilização no Brasil", explica.

Ao lamentar a representatividade das mulheres no Parlamento, que tanto na Câmara quanto no Senado não chega a 10%, a deputada federal Elcione Barbalho (PMDB-PA), bastante ativa no núcleo de mulheres do partido, é categórica: “aumentar a participação da mulher nos espaços de decisão permite que ela atue com protagonismo na implementação de políticas que garantam mudanças sociais referentes à questão de gênero", declara.

No ar desde 2008, o site traz mais detalhes da campanha, além de estudos e notícias sobre o tema. Visite: www.maismulheresnopoderbrasil.com.br.

Sandra Cruz
Jornalista da União Nacional dos Estudantes.

Fonte: www.une.org.br

Revolução verde (e amarela)

* Por Luciano Rezende

Poucas pessoas no Brasil são tão qualificadas como Aldo Rebelo para exercer uma tarefa tão espinhosa como a que lhe foi atribuída de relatar sobre o Código Florestal. Fosse Aldo um agrônomo ou engenheiro florestal possivelmente puxaria mais para o lado da produção agrícola. Fosse um biólogo ou engenheiro ambiental, talvez enveredasse para a tese do desmatamento zero. Mas como um nacionalista e democrata formado nas mais diversas trincheiras de lutas, amparando-se e ouvindo todos os lados em jogo, soube bem colocar os interesses nacionais em primeiro plano.

Na própria academia não há consenso entre os pesquisadores sobre os diversos temas que abordam o Código Florestal. Como a natureza é dinâmica (e dialética), tudo se relaciona e às vezes uma comprovação científica desconectada de suas inúmeras variáveis cai por terra.

O que falar, por exemplo, sobre o papel do gás carbônico na natureza? Com o aumento da concentração do CO2 na atmosfera, atribuído à atividade humana, tem-se a aceleração do chamado aquecimento global e suas nefastas conseqüências ambientais implicadas ao homem. Por outro lado, como aprendemos no ensino fundamental, é justamente esse CO2 um dos substratos básicos para a fotossíntese que, juntamente com a água e a energia luminosa, irão permitir que as plantas sintetizem os carboidratos e liberem o oxigênio. Para as matas e florestas (principalmente as espécies de metabolismo fotossintético C4) o incremento de CO2 pode ser benéfico para seu desenvolvimento. Não se quer dizer com isso, tampouco, que as emissões desse e outros gases diversos não devam ser monitorados, mas precaver os mais afoitos de que há muita complexidade em um debate que não deve ficar apenas à luz do terrorismo ambiental.

O que dizer sobre as famigeradas queimadas que destroem nossa mãe-natureza? Pode-se dizer, sem medo de errar, que não fossem esses incêndios naturais o cerrado brasileiro não teria se desenvolvido tal como nós o conhecemos. Ou seja, esse bioma riquíssimo seria outro, completamente diferente. O fogo também faz parte desse complexo jogo da vida ambiental e é componente intrínseco dela. É o aquecimento das sementes mais recalcitrantes o mecanismo vital capaz de tirá-las da dormência e promover a nova vida que surgirá robustecida. Também a rebrota de novos pastos nativos e a ciclagem de alguns nutrientes pode ser atribuída ao fogo. Na evolução das espécies, a vegetação tortuosa do cerrado com suas cascas de cortiça que funcionam como isolante térmico desenvolveu-se sempre ao lado do fogo. Posto isto, defende-se a prática das queimadas como um manejo agrícola? O empresário agrícola, tão criticado por alguns ambientalistas, é o primeiro a repudiar essa prática, pois sabe muito bem que em sua propriedade poderá utilizar de outros métodos mais vantajosos financeiramente. A exceção vai para a abertura de novas áreas destinadas à agricultura e pecuária e até para pequenos produtores carentes de assistência técnica. Portanto, muita prudência ao generalizar os fenômenos da natureza no jogo maniqueísta de algumas ONGs que se advogam como representantes do bem e acusam agricultores de serem a encarnação do mal, sem ao menos conhecer as especificidades de nossos ecossistemas.

O que pensar, também, sobre um ciclo de avanços tecnológicos na agricultura ocorridos anos atrás, batizados de Revolução Verde? Sementes híbridas, fertilizantes químicos, inseticidas, mecanização e uso extensivo de tecnologia usados no plantio, na irrigação e na colheita não trouxeram apenas malefícios. Capitaneada por fundações como a de Rockefeller e subsidiadas por países ricos em detrimento a países pobres, a agricultura mundial viu acentuar a degradação ambiental e até cultural dos agricultores tradicionais que antes plantavam suas sementes crioulas e adubavam com esterco animal. Mas por outro lado, esse conjunto de inovações tecnológicas na agricultura permitiu à humanidade multiplicar a produção de alimentos várias vezes nessas últimas décadas, embora o problema da renda ainda persista. Não se pode jogar fora a água da banheira com a criança dentro. Não seria mais vantajoso promover a apropriação destas tecnologias – dentro de um programa racional de manejo integrado – pelos povos e nações periféricas? Nem a agricultura orgânica vai ser capaz de suprir às necessidades calóricas de mais de seis bilhões de pessoas, nem a agricultura convencional – baseada em altos aportes de insumos químicos – é sustentável em longo prazo. O ponto de equilíbrio é o manejo integrado de várias práticas: às vezes químicas outras biológicas e até ambas. Não há receita pronta e muito menos discurso concluso. O Plantio Direto na palha, manejo agrícola exemplar do ponto de vista conservacionista, adotado por grandes e pequenos produtores, foi desenvolvido em nosso país, baseado na realidade de nossos solos e fez com que os outrora pobres latossolos brasileiros não devessem nada aos ricos podzóis europeus.

Há vários outros pontos polêmicos que poderiam ser discorridos neste texto, com o objetivo único de pontuar a complexidade dos temas. Mas de uma coisa não resta dúvida: a coerência do deputado comunista Aldo Rebelo e sua disposição em defender os interesses do povo brasileiro.

Por isso mesmo é justa sua preocupação com os milhões de agricultores que plantam em morros ou várzeas. Os incas já produziam nos íngremes Andes de forma sustentável há milhares de anos e os chineses e indianos cultivam seus arrozais nas várzeas, também há milênios. A diferença é se o produtor vai arar morro abaixo (favorecendo a erosão) ou se vai cultivar plantas perenes em curva de nível utilizando terraços (como é o caso do café e frutíferas). Se vai drenar as várzeas e utilizar espécies estranhas ou se vai respeitar sua dinâmica e aproveitar as culturas adaptadas ao encharcamento, como é o caso do arroz.

Aí está também outro tema sensível e controverso que setores da direita – e mesmo da esquerda – tentaram achincalhar com a reputação de Aldo Rebelo: o que é nativo e o que é estrangeiro (exótico) em nossa agricultura? Rebelo, com seu estilo literário erudito e ao mesmo tempo popular, buliu com o fato de ser necessário naturalizar a jaqueira. Corretíssimo. E mais, seria o caso de se naturalizar não só a jaqueira, como também o arroz, o milho, a laranja, a cana, a braquiária, o cavalo, a vaca, e tantas outras culturas e animais que ao chegarem ao nosso continente tantos impactos ambientas impuseram. E nem por isso deixaram de contribuir imensamente com a nossa cultura, dieta alimentar e trabalho. Vide o exemplo do eucalipto.

Talvez nenhuma cultura seja tão vilanizada como o eucalipto. Acusam-no de promover os “desertos verdes” e de consumir níveis estratosféricos de água. Certamente, igual a todas as culturas extensivas (nativas ou exóticas), quando cultivadas, promovem impactos ambientais que vão desequilibrar o ecossistema em que se inserem. Mas não se pode deixar de mencionar que, com a chegada desta espécie ao solo nacional vinda da longínqua Oceania, há pouco mais de um século, essa árvore conseguiu ajudar a frear o desmatamento de espécies nativas, principalmente do cerrado, que antes alimentavam os fornos das siderúrgicas ávidos por lenha e carvão. Com o eucalipto conseguimos manter nossa pujante siderurgia nacional e parte de nossas florestas em pé.

O novo Código Florestal que se propõe é, portanto, matéria polêmica que deve ser guiado à luz da razão e dos interesses nacionais. Em defesa das florestas, mas também da agricultura e da soberania da Nação. Proteger a natureza e os seres humanos, como bem destaca um dos subtítulos do documento inicial.

A partir daí, deve-se ampliar cada vez mais o debate. O novo código não é eterno e imutável. De tempos em tempos deverá ser submetido a discussões e abrir-se à incorporação de medidas capazes de atualizá-lo de acordo com os novos consensos ou exigências que forem surgindo. Um Código Florestal que seja ao mesmo tempo firme e flexível a agregar novas concepções e idéias ambientalmente corretas e interessantes à Nação.

Por isso mesmo é importante repudiar como o “relatório Aldo” foi tratado. Da forma como foi abordado por parte de seus opositores fez lembrar até outro relatório histórico que levou o nome de seu mentor, Nikita Krushov, diante de tanto terrorismo que o abarcou. Ou daqueles relatórios típicos de Robert Conquest de satanização da URSS e do comunismo. Essa foi a tônica de boa parte da mídia, da direita conservadora e de incautos setores dos movimentos sociais ligados à temática ambiental.

O debate rasteiro e sensacionalista não interessa aos progressistas e democratas brasileiros. Muito menos a tentativa de desqualificar a figura revolucionária de Aldo é conveniente a todos os que reivindicamos uma revolução verde (de novo tipo) e amarela, com centralidade nos interesses da maioria do povo brasileiro.

* Luciano Rezende, engenheiro agrônomo, mestre em Entomologia e doutorando em Genética. Da direção estadual do PCdoB – MG. Colunista do Portal Vermelho.

terça-feira, 6 de julho de 2010

AGORA É CAMPANHA!!!!!!!!


COM 61 CANDIDATURAS À DEPUTADO E DEPUTADA ESTADUAL HOMOLOGADAS, O PCdoB ENTRA COM TUDO (E MAIS UM POUCO) NA CAMPANHA ELEITORAL A PARTIR DE HOJE.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Primeira geração de médicos formados pelo ProUni


Hoje estive na abertura do seminário que vai debater as perspectivas profissionais da primeira geração de médicos e médicas formadas pelo ProUni. Na composição da mesa, entre outros, estavam o Ministro da Educação, o Ministro da Saúde, o Presidente da República e o Presidente da UNE.


Eu, junto com as centenas de jovens no plenário, me emocionei várias vezes durante o ato. Me emocionei quando vi que mérito não tem classe, quando tive certeza que polícas públicas podem ser grandes instrumentos para elevação da consciência da população, que podemos utilizar a graduação em um projeto coletivo e não somente crescimento pessoal. Me emocionei em ver que mais uma vez, estudantes organizados interferem nos rumos do país e também é gratificante ver que esse rumo hoje é melhor que em outros tempos.


Em um período de cansaço físico e mental, é extremamente revigorante participar de um marco na história do nosso país.




Parabéns aos novos doutores e doutoras!

Parabéns a UNE!



De Brasília, Marcela Rodrigues.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Lula sanciona lei que indeniza UNE pela destruição da sede em 64

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta terça (22) a lei que reconhece a responsabilidade do estado brasileiro pela destruição da sede União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1964, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. A sede foi queimada pela ditadura militar em meio aos protestos estudantis a favor das reformas de base defendidas por João Goulart (Jango), o presidente deposto.
A lei é resultado de um projeto que tramitou no Congresso Nacional desde 2008. O movimento estudantil fez ampla mobilização pela aprovação da matéria. “UNE de volta pra casa” é o nome do manifesto que ganhou apoio da sociedade. A perspectiva é que a UNE receba este ano até R$ 30 milhões.Publicada no Diário Oficial da União desta terça (22), a lei cria uma comissão para definir o valor e a forma de indenização, que não poderá ultrapassar o limite de seis vezes o valor de mercado do terreno onde ficava a sede da entidade.A comissão será composta por um representante dos ministérios da Justiça, da Educação, da Fazenda, do Planejamento, Orçamento e Gestão; Secretaria-Geral da Presidência da República; e Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. O Grupo de Trabalho também contará com um representante da Câmara dos Deputados e um representante do Senado Federal.“O prazo para a indicação dos membros da comissão será de dez dias, a contar desta terça-feira. A comissão terá trinta dias, a partir da sua instalação, para estabelecer o valor e a forma da indenização, com possibilidade de prorrogação por mais trinta dias. O Ministério da Justiça e a Secretaria-Geral da Presidência da República, que atuarão como coordenadores do Grupo de Trabalho, também terão trinta dias para se manifestar, após o recebimento do relatório final”, diz nota da assessoria de imprensa da Secretaria-Geral da Presidência.
De Brasília com informações da Presidência

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Escritor português José Saramago morre aos 87 anos


"Nossa única defesa contra a morte é o amor", disse certa vez o escritor português José Saramago. Deixando um vazio na literatura, ele morreu nesta sexta-feira (18) em Lanzarote (Ilhas Canárias, na Espanha), aos 87 anos. Em 1998, Saramago - que era filiado ao Partido Comunista Português - ganhou o único Prêmio Nobel da Literatura em língua portuguesa.

A Fundação José Saramago confirmou em comunicado que o escritor morreu às 12h30 (horário local, 7h30 em Brasília) na sua residência em Lanzarote "em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila".

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O escritor nasceu em 1922, em Azinhaga, aldeia ao sul de Portugal, numa família de camponeses, e, apesar da mudança com a família para Lisboa, com apenas dois anos, o local de nascimento seria uma marca constante ao longo da sua vida, como anunciaria em 1998, aos 76 anos, no discurso perante a Academia Sueca pela atribuição do Nobel da Literatura.

Autodidata, antes de se dedicar exclusivamente à literatura trabalhou como serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora. Começou a atividade literária em 1947, com o romance Terra do Pecado. Voltou a publicar livro de poemas em 1966. Atuou como crítico literário em revistas e trabalhou no Diário de Lisboa. Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Acuado pela ditadura de Salazar, a partir de 1976 passou a viver de seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor.

Em 1980, alcança notoriedade com o livro Levantado do Chão, visto hoje como seu primeiro grande romance. Memorial do Convento confirmaria esse sucesso dois anos depois. Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português - o que leva Saramago a exilar-se em Lanzarote, onde viveu até hoje.

Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Todos os Nomes (1997), e O Homem Duplicado (2002); a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7). O livro Ensaio sobre a Cegueira (1995) foi transformado em filme pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles em 2008.

Seus inegáveis méritos como romancista foram finalmente reconhecidos em 1998 com o Prêmio Nobel de Literatura, concedido por ter criado uma obra na qual "mediante parábolas sustentadas com imaginação, compaixão e ironia, nos permite continuamente captar uma realidade fugitiva".

Nos últimos anos, Saramago não deixou passar muito tempo entre um romance e outro. Era consciente de sua idade e, como disse à agência Efe em entrevista, tinha "ainda algo para dizer", e o melhor é que o dissesse "o mais rápido possível". Embora também dizia que "chegará o dia em que se acabarão as ideias, e nada iria ocorrer".

Seus romances abordam reflexões sobre alguns dos principais problemas do ser humano, fazem o leitor pensar, o estremecem e comovem. Seus personagens estão cheios de dignidade.

Saramago era filiado ao Partido Comunista Português, tornando-se um dos mais distintos militantes até à sua morte. A sua primeira biografia, do escritor também português João Marques Lopes, foi lançada neste ano. A edição brasileira de "Saramago: uma Biografia" chegou às livrarias no mês passado, com uma tiragem de 20 mil exemplares pela editora LeYa.

Segundo o autor, Saramagou chegou a pensar na hipótese de migrar para o Brasil na década de 1960. "Em cartas a Jorge de Sena e a Nathaniel da Costa datadas de 1963, Saramago considera estes tempos em que escreveu e reuniu as poesias que fariam parte de 'Os Poemas Possíveis' como desgastantes em termos emocionais e chega mesmo a ponderar a hipótese de migrar para o Brasil. Esta informação surpreendeu-me bastante, pois não fazia a mínima ideia de que o escritor chegara a ponderar a hipótese de emigrar para o Brasil e por a mesma coincidir com o período da história brasileira em que esteve mais iminente uma transformação socialista do país", disse Lopes em entrevista à Folha.com.

Após lançamento da biografia, Saramago classificou a obra como "um trabalho honesto, sério, sem especulações gratuitas". O escritor era consciente do poder que tinha a internet para divulgar qualquer ideia, e em setembro de 2008 criou um blog, intitulado "O caderno". Foi "um espaço pessoal na página infinita de internet", segundo suas palavras.

A morte o surpreendeu quando preparava um romance sobre a indústria do armamento e a ausência de greves neste setor, ou pelo menos essa era a ideia que queria desenvolver, como disse quando apresentou "Caim" em novembro de 2009.

font: Portal Vermelho

UM MUNDO DE MARIAS


segunda-feira, 14 de junho de 2010

FUTEBOL E CULTURA

No tão aguardado primeiro jogo do Brasil na Copa, a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer vai promover uma grande festa na Almirante Barroso com a José Malcher. Um super telão será instalado para a transmissão e um grande show com a Banda Cheiro Verde. Vai ser a partir das 14:30h, todos convidadíssimos (espero eu que pra comemorar...).

Ah, toda essa onda vai ser repetida nos próximos dois jogos, até lá.


Maíra

domingo, 13 de junho de 2010

PARÁ, MARANHÃO, PT, PMDB, PCdoB - eleições, intervenções, contradições, transformações...

Depois da não tão surpreendente intervenção petista no Maranhão, que determinou a aliança com o PMDB em torno da candidatura de Roseana Sarney, o PT reivindica a mesma atitude da direção peemedebista no Pará. Que coisa, não!!!!

Enquanto isso, a candidatura do Comunista Flávio Dino se fortalece e a aliança com o PSB traz a possibilidade de transformar a política e a vida do povo maranhense.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Paulo Fonteles, sempre Presente!

No transcurso do vigésimo-terceiro anivérsario do assassinato do ex-deputado e advogado de posseiros do Sul do Pará, Paulo Fonteles, ocorrido em 11 de Junho de 1987 é, mais do que nunca necessário avaliar suas idéias e legado para atual fase da luta pela terra no Brasil. E isso num momento de franca expansão do Agronegócio, partircularmente na Amazônia e a odiosa tentativa de criminalização dos movimentos sociais brasileiros, praticadas pela grande mídia e reacionários de todas as espécies.
A vida de combates de Paulo Fonteles atravessou três décadas de profundo compromisso com questões concernentes aos temas mais urgentes da nação brasileira como a democracia, as liberdades políticas, a reforma agrária e o socialismo.
A saga daquele que seria uma das mais contundentes vozes da luta contra o latifúndio iniciou a atividade política quando o Brasil estava encarcerado pela quartelada de 31 de Março de 1964 que submeteu o país a infame ditadura e a submissão aos interesses externos, notadamente estadunidenses.
Como muitos dos jovens de sua geração iniciou sua militância no ambiente da igreja católica quando a juventude do Brasil e do mundo davam passos insurgentes naqueles longinquos anos de 68 na qual Zuenir Ventura ensina-nos que jamais acabou porque fora um marco, verdadeiro divisor de águas e, ainda é referência tanto na cultura, no comportamento e na política pelo que introduziu na vida brasileira. Eram os generosos anos das figuras heróicas de Che Guevara, da passeata dos 100 mil a enfrentar a dura ditadura asteando o sangue paraense do estudante Edson Luís assassinado pela repressão no restaurante Calabouço, como uma emergência para mudar os destinos nacionais através de um poderoso movimento de massas.
Eram tempos da rebelião juvenil francesa e da primavera de Praga, de mundanças tecnológicas e da incerteza da guerra fria, da guerra do Vietña, da estréia na Broadway do musical "Hair", do lançamento do "Albúm Branco" dos Beatles, do acirramento da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e também do assassinato de Martin Luther King e do engendramento do Apartheid na África do Sul. As mulheres, historicamente, proibidas de atuar na vida pública queimaram sutiãs e a juventude passou a ter, na sociedade uma presença social autonôma. No Brasil de 68 Chico Buarque estréia "Roda-Viva" e logo os artistas da peça sofrem atentado patrocinado pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC), Caetano Veloso e Gilberto Gil lançam o manifesto onde apresentam a "Tropicália", do contundente discurso do jornalista Márcio Moreira Alves contra a ditadura, estopim para o Ato Institucional 5 (AI-5). É por essa época que o General Costa e Silva promove torpe censura contra o cinema e o teatro e é criado o Conselho Superior de Censura.
O jovem Paulo Fonteles tomou parte nas manifestações que eclodiram naquele período na qual a cidade de Belém, que por ser terra de legado cabano não poderia ficar de fora, tendo como referência a necessidade de derrubar os direitistas de fardas instalados no poder na qual a juventude brasileira ganhou pessoa e postura.
Militando na Ação Popular Marxista-Leninista (APML) e disposto a radicalizar muda-se com a mulher Hecilda Veiga para Brasília.
Estudante do curso de História da UNB e professor de cursinho, têm o codinome de "Peixoto" e é um dos principais dirigentes de juventude universitária da APML que o levou, junto com a esposa, grávida, em outubro de 1971 a conhecer toda selvageria e barbárie da repressão política quando fora preso e severamente torturado. Seus relatos daquele período, pela força da sua poesia, revelam a permanente luta pela vida na forma da denúncia da bestialidade dos torturadores que alcunhava como "cães febrentos". Ali, no famigerado Pelotão de Investigações Criminais (PIC), um dos maiores centros de tortura do país onde os bárbaros foram adestrados pela Escola do Panamá de inspiração norte-americana, tomou, apartir do contato com camponeses presos na guerrilha do Araguaia a decisão de ingressar, mesmo no calvário dos porões, no Partido Comunista do Brasil.
Em Brasília militou com Honestino Guimarães, contribuiu para fortalecer a União Nacional dos Estudantes (UNE) e na prisão conheceu o campesino Zé Porfírio, líder de Trombas e Formoso.

Enquadrado pelo 477, terrível instituto criado pelo coronel Jarbas Passarinho, então Ministro da Educação, que proibia estudantes insubmissos de retornarem aos estudos por três anos depois de presos, Paulo Fonteles vai trabalhar nas fazendas dos irmãos e ao cumprir tal período e sem nenhuma vocação para capataz retorna a Universidade e, concomitantemente para a luta popular.
Formado em Direito pela UFpa vai, a convite do Poeta Rui Barata, ter seu primeiro teste na defesa dos camponeses envolvidos na luta da Fazenda Capaz. Aquele convite marcaria dali para frente sua opção e militância.
É por esse tempo que, junto com outros companheiros, como Iza e Humberto Cunha, Hecilda Veiga, Paulo Roberto Ferreira, Jaime Teixeira, João Marques, Egidio Salles Filho, Rui Barata, Luís Maklouf de Carvalho e tantos outros organizam a Sociedade Paraense de Direitos Humanos e lançam, naquele período o Jornal "Resistência", verdadeiro ícone da imprensa de combate à ditadura militar. É uma pena que na historiografia brasileira, quando tratam da imprensa alternativa, o "Resistência" não tenha tido até hoje o reconhecimento merecido, seja pela ousadia da linha editorial e formato diferente de tudo que havia na época.
Paulo Fonteles é eleito o primeiro presidente da SPDDH e nesse ambiente se coloca à disposição da Comissão Pastoral da Terra (CPT) para advogar para os camponeses do Sul do Pará.
Frei Ivo me disse quando o conheci, há alguns anos em Belém, que na época a CPT havia convidado vários advogados para a tarefa e apenas o advogado comunista havia topado o desafio, contando com a ajuda, sempre generosa do amigo, também advogado Egidio Salles Filho no sentido de resolver intrincados processos onde tudo conspirava contra o interesse camponês, desde o judiciário marcado pelo interesses dos poderosos até a polícia que "jagunçava" para os donos das grandes extensões de terra . Em grande parte a sua decisão fora tomada pela experiência da Fazenda Capaz e a comovente relação estabelecida com os camponeses e a dura realidade encontrada como também pela enorme curiosidade de saber dos acontecimentos da Guerrilha do Araguaia.
Todo esse ambiente do final da década de setenta fora de muita luta e no mesmo momento em que os operários paralizavam no ABC paulista, que revelou para a cena brasileira o metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva, os camponeses dos sertões paraenses ocupavam 250 mil hectares de terras no Baixo-Araguaia, numa verdadeira guerra de guerrilhas contra o poderio dos latifúndiarios.
Esse momento foi de militarização da política fundiária, com o engendramento do Grupo Executivo Araguaia-Tocantins (Getat) que, a bem da verdade estava ali por conta dos vultosos e alienigenas projetos para a Amazônia no sentido de conter a luta dos lavradores. Porque tanto naquela época quanto na atualidade os trabalhadores do campo sempre ofereceram destemida oposição a entrega das riquezas nacionais. Para isso é só observarmos a atuação do MST e a campanha que anima no sentido de retomar a Vale do Rio Doce para os interesses do Brasil.
Enfrentando de frente o poder dos coronéis das oligárquias Paulo Fonteles logo é reconhecido pelo homens e mulheres simples do campo e por eles é carinhosamente chamado de advogado-do-mato.
E nesse momento que seu nome começa a figurar nas tenebrosas listas de marcados para morrer, muito em função de sua atuação como advogado da oposição sindical nas contendas contra um certo pelego Bertoldo na luta para retomar para as mãos dos lavradores o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Araguaia. Naquela época tal município englobava Rio Maria, Xinguara e Redenção.
A chapa de Bertoldo era apoiada abertamente por gente de triste estirpe como os famigerados Major Curió e o Ministro Jarbas Passarinho. T0dos os instrumentos repressivos do regime atuaram para derrotar a oposição e até a Rádio Nacional de Brasília fazia campanha para os caudatários do militarismo.
Nesse contencioso é assassinado Raimundo Ferreira Lima, o "Gringo". O candidato à presidência da oposição sindical fora a primeira liderança camponesa assassinada no Sul do Pará quando retornava de longa viagem onde percorreu o país amealhando apoio político e financeiro para o contencioso eleitoral. A oposição vence os caudatários do regime e a eleição é empastelada pelo Ministério do Trabalho.
Daquela chapa, de 1980, participaram ainda João Canuto de Oliveira, Belchior e Expedito Ribeiro de Souza, além de Paulo Fonteles e todos, sem excessão, foram mortos pelo latifúndio nos anos que iriam se seguir.
É também neste período que procura sistematizar os acontecimentos dos combates da Guerrilha do Araguaia e certamente foi seu primeiro pesquisador. Conhece gente como o "Velho Doza", antigo militante das Ligas Camponesas onde fora citado como exemplo de combatividade e inteligência no livro de memórias de Gregório Bezerra, publicado em 1947. Militante comunista Bezerra fora eleito em 1946 Deputado Federal Constituinte na lendária bancada do Partido Comunista do Brasil que contava com Luís Carlos Prestes, primeiro senador eleito pelo PC, além de figuras legendárias como João Amazonas, Maurício Grabois, Carlos Marighela, Jorge Amado, dentre outras. Conhece, também, Amaro Lins, combatente das Forças Guerrilheiras do Araguaia.
Cumpre importante papel de advogado de familiares de mortos e desaparecidos que, em historica caravana percorrem a região por mais de dez dias em fins de 1980. Tal caravana é um marco da luta dos direitos humanos no Brasil. Dessa atividade escreve um conjunto de artigos para a "Tribuna da Luta Operária" onde afirma que no Araguaia a luta fora de massas, tomando a posição contrária de que nas matas da Amazônia a mais contudente oposição ao regime militar teria sido um "foco" que, na linguagem política é o mesmo que atuar sem o povo, como uma espécie de seita. Compreendeu, como poucos que a luta é um problema científico do ponto de vista de entender as necessidades populares.
Em 1982 é eleito Deputado Estadual sob a consigna de "Terra, Trabalho e Independência Nacional" e no curso de sua atuação parlamentar é constantemente ameaçado e por diversas vezes denuncia da tribuna da Assembléia Legislativa do Pará as macabras listas de marcados para morrer onde figurava. Em 1985, um Coronel do Exército e latifundiário, Eddie Castor da Nóbrega anuncia num dos principais jornais paraenses que iria atentar contra a vida do então Deputado. Fonteles no mesmo jornal responde que "se um Coronel têm a ousadia de ameaçar de morte um Deputado abertamente, o que este senhor não faz com os trabalhadores rurais de sua fazenda", concluiu.
Um dos aspectos de sua passagem pelo parlamento fora a denúncia contra a ditadura militar e a necessidade histórica de passarmos para um regime democrático, onde as liberdades políticas
pudessem estar asseguradas no altar da vida pública brasileira.
Denunciava, também, o entreguismo do governo militar com sua subserviência aos poderosos internacionais e os projetos do imperialismo para a Amazônia. Atuava com um pé no Plenário e outro nas ruas, aliado não apenas dos camponeses, mas também da juventude e dos trabalhadores urbanos.
Na luta de idéias fazia fogo contra o revisionismo contemporâneo soviético, da era Gorbachev e afirmava que a Revolução Bolchevista de 1917 havia sofrido um duro golpe "por dentro" e que logo o regime da Perestroika iria agudizar o fim da experiência socialista o que seria uma histórica derrota para povos e para toda a humanidade. Afinal, o fim da Rússia socialista marcou o início de uma Nova Ordem Mundial que, através do malsinado "Consenso de Washington" engendrou tempos neoliberais de profunda ofensiva do capital contra o mundo do trabalho. A vitória do pensamento dos grandes financistas construiu uma realidade mundial belicista, unipolar e cada vez mais vai revelando, na atualidade, o caráter sistêmico da crise do capitalismo que nos dias atuais enfrenta profunda deterioração.
Em 1986 é candidato à Deputado Federal Constituinte, porém não conseguiu êxito eleitoral.
Fora do parlamento cria o Centro de Apoio ao Trabalhador Rural e Urbano (CEATRU) e apoia, como advogado, a luta contra os pelegos no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil que baniu o interesse patronal do seio do sindicato e da categoria.
Em 11 de Junho de 1987 todas as ameaças se confirmam e no final da manhã daquele dia é assassinado à mando da União Democrática Ruralista (UDR) na região metropolitana de Belém. A ação que atentou contra a vida de Paulo Fonteles ocorreu no mesmo momento em que se votava, no âmbito da constituinte, o capítulo da terra.
Os latifúndiários para exitarem nesse contencioso utilizaram a tática de comprar parlamentares, um deles, paraense, até então comprometido com a questão da reforma agrária sumiu misteriosamente da votação.
Outro aspecto da agenda política dos donos do poder no campo era intimidar o movimento camponês através da covardia da pistolagem e o alvo fora uma das mais combativas lideranças e Paulo Fonteles fora o escolhido. Tanto que seu desaparecimento mereceu a atenção de dirigentes nacionais da UDR como o do funesto Ronaldo Caiado que, indiretamente pelo fato de presidir tão demoníaca organização deve ter tido, pelo pessoal controle estabelecido, relação com os mandantes da tão sórdido acontecimento.
Tramada na Fazenda Bamerindus, hoje chamada de "Palmares" porque fora ocupada pelo MST, entre Xinguara e Paraoapebas, a ação que vitimou tão brilhante vida teve como intermediário e executores gente do antigo regime que vieram para a Amazônia organizar milicías no sentido de proteger a grande propriedade rural da "ameaça" camponesa. O fato é que os latifundiários instalados na Amazônia utilizaram largamente, com a derrota do regime, de gente do SNI que promoveram uma espécie de "diáspora" para o norte do Brasil. Esse é o caso, por exemplo de James Vita Lopes, julgado e condenado como intermediário da ação que vitimou Fonteles e que pertenceu aos quadros da Operação Bandeirantes de São Paulo como também do Serviço Nacional de Informações (SNI).
Até hoje os mandantes do assassinato de Paulo Fonteles não foram levados a julgamento e, como centenas de casos da pistolagem perpetradas pelo latifúndio seu crime permanece impune o que revela o caráter do judiciário paraense.
Mais do que nunca o governo democrático-popular paraense deve travar o combate contra a impunidade e criar ambiente propício, mesmo com o recalcitrante judiciário local, para punir os históricos crimes do latifúndio e passar a ofensiva depois das ilações da gendarme do Agronegócio, senadora Abreu que, há poucos meses atrás ingressou com pedido de intervenção federal no Estado. Isso, naturalmente, porque na recente experiência daquele goveno dirigido pelo PT e demais forças populares têm se realizado luta tenaz seja contra a grilagem, seja contra o trabalho escravo.
O advogado comunista Paulo Fonteles era um homem de partido e suas idéias continuam atuais porque a luta pela reforma agrária e pelo socialismo são absolutamente atuais, desta quadra histórica, deste momento brasileiro que, mais do que nunca é preciso exemplos para reforçar o caratér das mudanças para o desenvovimento, com valorização do mundo do trabalho para o futuro de progresso social da nação brasileira.
Sua vida de combates continua inspirando até os nossos dias a luta histórica dos trabalhadores no sentido de sua emancipação socia.

Pedro Fonteles
http://pdrofonteles.blogspot.com

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Aprovado os 50% do Fundo social do Pré-sal para a educação!



Gol histórico no dia da Copa!

A quinta-feira já pensava em amanhecer na África do Sul, o país da Copa, na véspera da festa de abertura do maior evento esportivo do mundo. No Brasil, os estudantes acompanhavam atentos, como a um jogo da seleção, a votação no plenário do Senado Federal que adentrou a madrugada. Por volta das 3h da manhã do dia 10 de junho de 2010, após mais de 11 horas de discussões, os senadores aprovaram -por 38 votos favoráveis, 31 contrários e uma abstenção- a criação do Fundo Social do Pré-sal. O gol, de placa, que entrou para a história, veio com a aprovação da “emenda da UNE”, que determina que 50% dos recursos deste Fundo sejam destinados exclusivamente ao financiamento da educação pública superior e básica, área considerada pela entidade como estratégica para o desenvolvimento do país.A vitória histórica dos estudantes foi fruto de ampla mobilização da UNE, UBES e ANPG. Desde o início da semana, diretores das entidades provocaram intenso corpo corpo junto aos parlamentares com objetivo de pressionar e cobrar o comprometimento de cada um com a educação brasileira. As entidades criticaram veementemente por meio de nota oficial o primeiro relatório divulgado na terça-feira, que descaracteriza o objetivo do Fundo Social ao propor que os recursos deveriam ser destinados a diversas áreas, sem dizer claramente qual a prioridade. Durante toda a quarta-feira, os estudantes realizaram uma Blitz no Congresso Nacional para reverter a redação do projeto e garantir os 50%. As entidades desencadearam também uma “guerrilha virtual” por meio das redes sociais. Milhares de mensagens foram enviadas para todos os senadores via twitter, o que gerou o compromisso público de muitos deles com a votação favorável à emenda.O presidente da UNE, que ficou até o fim da votação desta madrugada no Senado Federal conversando com os parlamentares sobre a importância dos 50% para a educação, celebra a vitória como uma conquista de todo o povo brasileiro. Para ele, a vitória não é apenas desta geração. “Fiz questão de ficar até o último minuto da votação. Conversei com cada parlamentar. Mostrei a importância da nossa emenda para o futuro do nação. Fiquei realmente muito emocionado quando conseguimos a aprovação. É o sonho geracional de transformação do país. Vamos garantir para os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos e toda uma geração de brasileiros e brasileiras um futuro promissor, com uma educação pública, gratuita e de qualidade”, disse. "Agora, vamos lutar da mesma forma e com muito mais mobilização em cada canto do Brasil pela promulgação da emenda".


De Brasília,
Marcela Rodrigues.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

FÓRUM ESTADUAL DE INSTÂNCIAS DE MULHERES DE PARTIDOS POLÍTICOS CONSTITUÍDO NO PARÁ

É com satisfação que falo da constituição do Forum de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos do estado do Pará, ontem no auditório da SEJUDH, que contou com grande apoio e presença da Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo Federal, do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e Coordenadoria Estadual de Promoção dos Direitos das Mulher.

A representante do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos, Liege Rocha (PCdoB), falou da constituição destes Fóruns nos estados e do papel que estes espaços vem desempenhando nas discussões em torno da chamada mini-reforma eleitoral, em especial de 3 pontos que dão atenção às questões referentes à participação das mulheres nas eleições e que destinam às militantes 5% do fundo partidário para a formação política, 10% do tempo de tv e exigem o PREENCHIMENTO de 30% das vagas nas chapas; além da plataforma aprovada na II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres.

Os Fóruns são compostos pelas instâncias responsáveis pelo trabalho de mulheres dos partidos políticos e nacionalmente é composto por 17 partidos. No Pará, inicialmente 10 partidos participaram da constituição:

Partido Comunista do Brasil - PCdoB
Partido Humanista Brasileiro - PHS
Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB
Partido Popular Socialista - PPS
Partido Progressista - PP
Partido Socialista Brasileiro - PSB
Partido dos Trabalhadores - PT
Partido Trabalhista do Brasil - PTdoB
Partido Verde - PV
Partido Social Liberal - PSL

A primeira reunião do Fórum vai ser no dia 16 de junho, na sede da OAB-PA, e são esperados representantes de outros partidos políticos. É o primeiro passo para o fortalecimento da participação política das mulheres nos espaços de poder e decisão no estado com a contribuição direta dos partidos.


Maíra Nogueira

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A FESTA É BICOLOR!!!!!!!!!




Por respeito aos meus amigos, camaradas e leitores, inclusive Marcela, minha (quase ex) parceira de blog, não vou ficar aqui fazendo farofa, mesmo tendo todos ingredientes, vou me conter pra não aumentar a dor e sofrimento de alguns e apenas deixar o registro, como foi previsto.....

44 TÍTULOS e o PAYSANDU É BICAMPEÃO PARAENSE DE FUTEBOL!

1º SEMINARIO ESTADUAL “MAIS MULHERES NOS ESPAÇOS DE PODER E DECISÃO”

1º SEMINARIO ESTADUAL “MAIS MULHERES NOS ESPAÇOS DE PODER E DECISÃO”

Dia: 09/06/2010
Horário: 8:30 às 18:00 h
Local: Auditório da OAB - Seção Pará
End: Praça Barão do Rio Branco, 93 - Campina

Inscrição e Informação: Fone:40092718(CPDM) – 40092727(CEDM)



PROGRAMAÇÃO

8:30 – Abertura
9:30 h - 1ª Mesa
Tema: A participação da Mulher e a Democracia.
 Participação das Mulheres no espaço de poder e decisão e II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres;
Expositora: Representante da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

10:30 h
Tema: Mulher e Democracia.
Expositora: Me. Eneida Guimarães – GEPEM/UFPa.
Debatedora: Graça Prola – Conselho Nacional dos Direitos da Mulher

11:30 h - Debate

12:00 h – Coffee Break

13:00 h – 2ª Mesa
Tema: Caminhos e Diálogos: mais mulheres no poder.
Expositora: Maria Liege Rocha - Fórum Nacional de Instancias de Mulheres de Partidos Políticos;
14:00 h – Apresentação da Plataforma Política
Expositora: Maria Liege Rocha - Fórum Nacional de Instancias de Mulheres de Partidos Políticos;
15:00 h – Debate em Plenária
16:00 h - Encerramento

terça-feira, 1 de junho de 2010

Unidade na luta por um novo projeto de desenvolvimento nacional

Não foi um jogo do Corinthians, mas o Pacaembu lotou nesta terça-feira (1º de junho) durante a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), convocada pelas cinco principais centrais sindicais do país (CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CGTB). Cerca de 30 mil militantes compareceram ao evento unitário, que destacou a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento, com soberania, democracia e valorização do trabalho.

A unidade da classe trabalhadora caracterizou a reunião dos sindicalistas e foi exaltada nos discursos dos dirigentes das centrais. “Estamos demonstrando que os trabalhadores têm a sabedoria de deixar de lado suas divergências e realizar um evento como este em que unimos nossas forças para defender os interesses maiores da classe trabalhadora”, salientou o presidente da Nova Central, José Calixto Ramos. “Nosso trabalho não se encerra aqui”, salientou. “Este é o início de uma grande jornada de luta”.

Novo Brasil

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (o Paulinho da Força) foi no mesmo diapasão. “Temos que saudar a unidade, pois foi a unidade que impediu a retirada de direitos trabalhistas e fez nossa luta avançar. Barramos a Emenda 3 e com as marchas unitárias em Brasília conquistamos a política de valorização do salário mínimo, que muito contribuiu para tirar o Brasil da crise”, afirmou Paulinho. “Esta conferência tem um objetivo muito claro, que é o de entregar aos candidatos à Presidência uma pauta com 293 itens de um modelo de Brasil que queremos. Temos aqui representantes de 5 mil sindicatos”, acrescentou.

Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), declarou que após a Conclat “o movimento sindical será outro. Já temos as bases para criar um novo Brasil, unindo todo nosso povo, os partidos e as organizações progressistas. Nossa responsabilidade é grande e os desafios não são pequenos. 0 maior deles é elevar o protagonismo da classe trabalhadora na luta política nacional”.

Desafios

“As bandeiras que nos unem são muito maiores do que as questões que, no varejo, provocam divergências no nosso meio”, enfatizou o presidente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), Antonio Neto. “Caminhando juntos”, continuou, “vamos conquistar muito mais. Este será um ano de grande embate”, disse, numa referência às eleições de outubro. “Ou continuamos a avançar ou amargaremos um grande retrocesso. Vamos marchar juntos, unidos e organizados por um Brasil melhor”.

“A unidade garantiu conquistas e vitórias importantes”, reiterou Artur Henrique, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores). “Podemos citar a política de valorização do salário mínimo, a ratificação da Convenção 151 da OIT [que assegura o direito de organização, negociação e greve ao funcionalismo], o reajuste da tabela do Imposto de Renda, entre outras conquistas da unidade. Temos ainda grandes desafios, como a alta rotatividade da mão de obra, a redução da jornada sem redução de salários, o reajuste das aposentadorias e pensões. Mas, nosso principal desafio é não permitir o retrocesso neoliberal. Temos de continuar no caminho da mobilização e da luta para emplacar a agenda da classe trabalhadora por um novo projeto nacional de desenvolvimento, com democracia, soberania e valorização do trabalho”.

De São Paulo,
Umberto Martins

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A doçura do sábado que está por vir...



Eu já prometi a mim mesma, a partir dessa semana, fazer meus dias e de todos por perto literalmente e essencialmente mais doces, tomando a lição da "Alice". Mas talvez as sextas-feiras não tenham a necessidade de ser os dias mais literalmente doces da semana, nem acho que são os mais essencialmente doces (pra mim esses são os sábados), mas independente de toda a delícia que é ter dias doces, ter uma SEXTA-FEIRA, viver intensamente a quinta-feira só porque o dia seguinte é SEXTA, e durante toda a SEXTA-FEIRA se deliciar inconscientemente com a doçura do sábado que está por vir, ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, é indescritível.

Pra mim as SEXTAS-FEIRAS são mágicas, mais ou menos (também acho que isso ter a ver com o sábado), o fato é que são!!! E como eu desejei a chegada desta SEXTA-FEIRA...

Feliz SEXTA-FEIRA à todos e um sábado tão doce quanto as jujubas que eu costumo comer e as maçãs do amor e algodões doce que eu ADORO!!!

Maíra


OBS: Veja abaixo uma plantação e algodão doce

terça-feira, 25 de maio de 2010

Alice no País das Maravilhas

"Quando eu for uma duquesa", pensou consigo mesma (embora num tom não muito esperançoso), "não vou ter nenhuma pimenta na minha cozinha. A sopa pode dispensar pimenta... Talvez seja a pimenta que deixa as pessoas esquentadas", continuou, muito satisfeita por ter descoberto um novo tipo de regra, "e o vinagre que as deixa azedas...e a camomila que as deixa amargas... e os doces e as balas que deixam as crianças dóceis. Só queria que as pessoas soubessem disso, pois então não seriam tão mesquinhas com os doces..."

(Lewis Carroll)




Pra adultos e crianças,

DOCES LIBERADOS!!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Delegados Paraenses eleitos para a Assembléia Nacional dos Movimentos Sociais

Na última segunda-feira, 17/05, a Coordenação dos Movimentos Sociais - CMS/PA - convocou assembléia geral para definir as entidades paraenses que terão delegados à Assembléia Nacional do Movimentos Sociais.

A Assembléia, será em São Paulo no dia 31 de maio e antecederá a CONCLAT (Conferência Ncaional da Classe Trabalhadora - 01/06).

O objetivo da assembléia é discutir e aprovar o PROJETO NACIONAL E POPULAR DOS MOVIMENTOS SOCIAIS, "instrumento de proposição que atualiza as propostas expressas no PORJETO BRASIL e avança com bandeiras de lutas e ações que visam enfrentar as disputas eleitorais". Eixos como soberania nacional, desenvolvimento, democracia e outros relacionados às plataformas de diversas frente dos movimentos sociais são abordados no documento, além de um calendário que norteará as principais ações destes movimentos em 2010, e que demonstram o grau de amadurecimento e responsabilidade com o Brasil e com o povo brasileiro.

As entidades que elegeram os 90 delegados do Pará são:


CUT/PA ....... 17
CTB/PA ....... 13
FS/PA ......... 13
NCST/PA ..... 13
Coord ......... 04 (CUT, CTB, FS e NCST)
UNE ............. 02
UBM ........... 02
UNMP ........... 02
CONAM ......... 02
CMP ............. 02
MMM ............ 01
Unegro ......... 01
MNLM ........... 01
MSTU ........... 01
ASSUTPA ...... 01
FEMEPA ........ 01
FEMECA ........ 01
UBES ............ 01
MOPS ........... 01
UAP .............. 01
UMES ............ 01

quarta-feira, 19 de maio de 2010

APROVADO PL QUE GARANTE INDENIZAÇÃO À UNE E UBES



Marcelinha me ligou, direeeeeeeeeeeto do Senado Federal, pra informar em primeira mão sobre a aprovação do projeto de lei que indeniza a União Nacional dos Estudantes - UNE - e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas- UBES pela destruição de sua sede, pela ditadura militar, quando foi colocada na clandestinidade e teve seus dirigente perseguidos e torturados, assumindo assim a responsabilidade do Estado Brasileiro.

Além de reconher e garantir à UNE o direito de reconstruir a sede no mesmo endereço (Praia do Flamengo, 132), o Estado e o presidente Lula demonstram o compromisso com o povo, a juventude e os estudantes, sinalizando pela aprovação, na íntegra pela Comissão de Constituição e Justiça e sanção presidencial, do PL. A indenização gira em torno de 30 milhões de reais e possilita tirar do papel o projeto feito arquiteto Oscar Niemayer doado às entidades.


Parabéns Marcelinhaaa!!!
Viva a UNE e a UBES!!!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Meio século após a pílula, 46% das gestações no Brasil não são planejadas, (8/5/2010)

Fabiane Leite, de O Estado de S.Paulo

É o que revela a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher, feita em 2006

SÃO PAULO - Realidade há exatos 50 anos, quando foi lançada no mercado dos EUA, e no Brasil há 48 anos, a pílula anticoncepcional ainda não materializou o maior sonho de sua idealizadora: permitir que todas as mulheres fossem mães só quando realmente desejassem.
Quase a metade das gestações nos EUA e dos nascimentos no Brasil ocorre quando as mulheres não querem, apesar da expansão do método que mais permite independência na contracepção e de sua contribuição para a redução das taxas de fecundidade. A chegada da pílula permitiu que muitas mulheres fossem mães melhores, avançassem nos estudos e no trabalho e separassem definitivamente sexualidade de reprodução.
No caso do Brasil, houve avanço importante nos últimos anos no uso de contraceptivos, mas 46% dos nascimentos no País não são desejados ou são planejados para mais tarde, segundo dados ainda não explorados da última Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), feita em 2006.
No levantamento anterior, realizado em 1996, o porcentual era de 48%. O avanço muito pequeno, segundo os próprios pesquisadores, mostra problemas no acesso aos métodos contraceptivos, mau uso ou falhas na tecnologia disponível.
Houve um enorme avanço na oferta de anticoncepcionais no Sistema Único de Saúde, há pílulas a preços populares, mas o uso ainda é mal orientado. A mulher não é instruída sobre eventuais efeitos colaterais e não recebe suporte para a contracepção. Precisamos de tempo para caminhar, avalia Ignez Perpétuo, professora de Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais e responsável pelo módulo sobre métodos contraceptivos da PNDS. Ela destaca, porém, que o levantamento não apurou, por exemplo, quanto das mulheres que declararam ter filhos sem querer estavam usando ou não contraceptivos.
A PNDS indicou que 81% das mulheres de 15 a 49 anos que viviam alguma forma de união usavam anticoncepcionais. A esterilização feminina (laqueadura) ainda é a opção mais frequente (29%), mas, somado o uso da pílula (25%) com o dos anticoncepcionais injetáveis e o do Dispositivo Intrauterino (DIU), os métodos reversíveis já ultrapassam a laqueadura.
O grande avanço foi que Brasil saiu do bloco dos países em que a laqueadura lidera para entrar no dos mais avançados, destaca Tereza Delamare, da área técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde. Ela enfatiza ainda que só a parcela de filhos não desejados, por exemplo, caiu de 22% para 18% em dez anos.
O governo aponta aumento dos gastos com anticoncepcionais e a centralização das compras como medidas para melhorar o acesso da população, além de pedir que municípios invistam mais. Mas a PNDS mostrou que pílulas e injeções ainda são obtidas principalmente nas farmácias, e não no SUS. Se temos ainda 46% (de filhos que não eram esperados), é porque o acesso não é de acordo com a lei, afirma Elisabeth Vieira, do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto. O direito a métodos contraceptivos está na Constituição e foi regulamentado por lei em 1996.
Controle. A luta pelo acesso à pílula começou no início do século passado. Em 1912, dois anos antes da criação do Dia das Mães, a enfermeira de família católica irlandesa Margaret Sanger, que viu a mãe morrer após 18 gestações, já defendia a criação de um medicamento contraceptivo. No entanto, a ideia só viria a ser viabilizada 48 anos depois, com o financiamento da amiga e feminista Katharine McCormick.
Antes, além da discriminação, as mulheres tinham de controlar a própria sexualidade ou se arriscar em um aborto. Houve avanço, redução da fecundidade. Mas só o fato de a contracepção ser um assunto feminino denota a desvalorização da sociedade. É coisa de mulher. E coisa de mulher não é levada a sério, diz Elisabeth Vieira, da USP.
A pílula não foi contra as mães. Foi para as mães. E modificou a maternidade mais do que qualquer coisa. A sua grande contribuição não foi prevenir a maternidade, mas fazê-la melhor, permitindo que as mulheres gerassem filhos de acordo com suas aspirações, afirma Elaine May, professora de história na Universidade de Minnesota (EUA) e autora do livro A América e a Pílula.


http://www.ccr.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=10232

http://www.ccr.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=10229

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Telebras será a gestora do Plano Nacional de Banda Larga

A empresa estatal Telebras será a gestora do Programa Nacional de Banda Larga. O anúncio foi feito na noite de hoje (4) em um comunicado de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo o comunicado, a empresa vai apoiar políticas públicas de conexão à internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa, escolas, hospitais, postos de atendimento, telecentros comunitários e outros pontos de interesse público.

A Telebras vai prover a infraestrutura das redes de suporte a serviços de telecomunicações prestados por empresas privadas, estados, municípios e entidades sem fins lucrativos. A conexão à internet em banda larga para usuários finais será feita apenas em localidades onde não exista oferta adequada desses serviços.

As principais diretrizes do plano deverão ser anunciadas amanhã (5) pela ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, e pelo coordenador do Programa de Inclusão Digital da Presidência da República, Cezar Alvarez.

O Plano Nacional de Banda Larga foi concluído hoje, em reunião na Casa Civil, da qual participaram os ministros das Comunicações, José Artur Filardi; do Planejamento, Paulo Bernardo; da Educação, Fernando Haddad; da Saúde, José Gomes Temporão; e da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães.

O governo pretende oferecer o serviço por, no máximo, R$ 35 por mês. O objetivo é levar o acesso à internet rápida às classes C e D e em locais ainda não atendidos pelas empresas privadas. O plano prevê a implantação da internet em alta velocidade em quase todos os municípios brasileiros até 2014. A previsão é que, neste ano, a banda larga esteja disponível em 100 cidades, sendo 17 capitais.


Fonte: Agência Brasil

sábado, 8 de maio de 2010

Feliz Dia das Mães pra nós!!!!

Amanhã é dia das mães. Não sei quem ou como instituiram uma data para homenagear as mãe. Poderia, mas não procurei saber porque na verdade isso não me interessa muito, mas apesar de muitos dizerem que é uma data essescialmente comercial (não deixa de ser um pouquinho) eu faço questão de dizer que acho ótimo existir dia as mães e isso me faz imensamente feliz porque eu adoro ser mãe, e ser mimada e homenageada por algo que se faz com amor é muuuuuuito bom.


E pra também prestar essa pequena homenagem venço pequenos e bobos preconceitos. Hoje (08/05), depois de ter que decidir entre um curso de formação sobre Lenin, em SP, e optar por não ir, fui à festinha do Dia das Mães, na escola da Mariana, que encerrou com todos os alunos cantando "É o amor", do Zezé Di Camargo e Luciano. Eu, que nunca fui amante do que se chama música sertaneja, me rendi e continuarei me rendendo à Mariana, às demonstrações de carinho dela e ao amor.

Feliz dia das mães pra todas!!!

É O AMOR!

Eu não vou negar
Que sou louco por você
"Tô" maluco pra te ver
Eu não vou negar

Eu não vou negar
Sem você tudo é saudade
Você trás felicidade
Eu não vou negar

Eu não vou negar
Você é meu doce mel
Meu pedacinho de céu
Eu não vou negar

Você é minha doce amada
Minha alegria
Meu conto de fadas, minha fantasia
A paz que eu preciso pra sobreviver

Eu sou o seu apaixonado
De alma transparente
Um louco alucinado
Meio inconsequente
Um caso complicado de se entender

É o Amor
Que mexe com minha cabeça
E me deixa assim
Que faz eu pensar em você
E esquecer de mim
Que faz eu esquecer
Que a vida é feita pra viver

É o Amor
Que veio como um tiro certo
No meu coração
Que derrubou a base forte
Da minha paixão
E fez eu entender que a vida
É nada sem você

Eu não vou negar você é meu doce mel
Meu pedacinho de céu
Eu não vou negar

Você é minha doce amada
Minha alegria
Meu conto de fadas
Minha fantasia
A paz que eu preciso pra sobreviver

Eu sou o seu apaixonado de alma transparente
Um louco alucinado meio inconsequente
Um caso complicado de se entender

Maíra



quinta-feira, 6 de maio de 2010

Conferência de Esporte no Pará termina com saldo positivo

Representatividade e Participação foram as marcas essenciais da III Conferência do Esporte do Pará.

Em resumo, centenas de pessoas de dezenas de municípios de todas as regiões mostraram como se superam as distâncias físicas, políticas e ideológicas, dando espaço à política de esporte como forma de inclusão social, formação e perspectiva transformadora da realidade econômica e cultural.

Saudações aos 50 delegados e delagadas eleitos para a Conferência Naciaonal.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A PRÁTICA MACHISTA CAMUFLADA NO FEMINISMO.

No calor da eleição para o DCE da UFBA, a Juventude do PT, como é de praxe entre todas as forças políticas que atuam no M.E., começaram a entoar os gritos de guerra de costume. Nós, da UJS, no clima da eleição e sem a intenção de criar confusão, respondemos dando as costas e dançando. Neste momento, fomos surpreendidas com a entoação de palavras ofensivas, que diziam que a UJS tinha apenas peito e bunda. E é sobre este fato que gostaria de tecer alguns comentários.

Ao dizer que “a UJS só tem peito e bunda”, o que se afirma é que as mulheres da União da Juventude Socialista não possuem conteúdo político e se utilizam do corpo para alcançar seus objetivos. Nesse sentido, duas abordagens são necessárias.

A primeira, é sobre a forma como nós da UJS, mulheres e homens, construímos as lutas e fazemos política. Nossa organização se edifica a partir do amadurecimento das idéias, com amplos debates que buscam o consenso através do convencimento. Este método exige da militância muito estudo, para que a discussão política seja travada com alto nível e com argumentações que sejam capazes de convencer nossos camaradas sobre qual o melhor caminho a seguir.

A segunda, diz respeito à luta feminista que a UJS constrói, junto com a UBM, em diversos espaços e movimentos. A luta feminista e a luta anti racista fazem parte do processo de construção do socialismo. Entendemos que é preciso superar essas questões para, só então, alcançar igualdade plena de direitos. Ainda assim, nos deparamos com a intensificação da luta de gênero diariamente e, mesmo no seio do movimento social, temos que enfrentar o machismo. Para nós fazermos política, precisamos nos desvencilhar de uma carga imensa de pensamentos atrasados que permeiam esse universo. O preconceito, reflexo do machismo dos homens, já é velho conhecido das mulheres militantes.

A questão a que quero me referir aqui, em relação às palavras vexatórias e desqualificantes que nos foram empregadas, é ainda mais preocupante. Trata-se de terem sido orquestradas com a participação de mulheres que, a priori, são nossas aliadas na luta pela emancipação feminina. As mulheres que entoaram o dizer “a UJS só tem peito e bunda” são as mesmas que dizem “legalizar o aborto, direito ao nosso corpo” e “o movimento que eu faço tem mulheres em todos os espaços”. Observamos que, nesse contexto, há uma contradição que se reflete na prática, uma vez que não basta que as mulheres estejam em todos os espaços se não conseguirmos enxergá-las a partir da contribuição política e capacidade de intervenção que elas possuem.

A contradição se acentua quando mulheres que exigem a liberdade sobre o nosso corpo o utilizam como meio de intimidação ao debate político. Dizer que nós só temos peito e bunda é nos reduzir ao que certos homens tentam fazer nos espaços que disputamos.

No séc. XXI, as mulheres começam a colher frutos das lutas emancipacionistas que as Dandaras, Luizas e Loretas forjaram em seus momentos. Nós somos mulheres por excelência, com conteúdo político, disposição e garra para construir uma sociedade sem machismo e sexismo. Somos mulheres completas, com direito à vaidade, ao peito e à bunda. Mas não é isso que nos referencia. A luta emancipacionista perpassa pelo desprezo às características físicas. Não é comum que os belos homens que atuam na política sejam pautados pela sua beleza. Com nós mulheres, isso não deve ser diferente. A nossa capacidade de articulação e percepção da realidade vem da escola do socialismo, que muito nos orgulha. Nossas referências são de gestoras, professoras, artistas, sindicalistas, mulheres guerreiras e trabalhadoras, como Loreta Valadares, Alice Portugal, Jandira Fegalli, Olívia Santana, Luciana Santos e tantas outras camaradas que nos honram nos espaços políticos que ocupam, não pelas suas qualidades físicas, mas pelas contribuições dadas para o amadurecimento das questões de gênero e pela forma qualificada e comprometida com que atuam.

No momento em que me dei conta de que as nossas companheiras na luta do combate ao machismo estavam nos pautando pelas características físicas, como se nós não pudéssemos ter sido agraciadas, de alguma forma, pela natureza também no aspecto anatômico, me acometeu um sentimento de decepção. Passou pela minha mente o caso da moça da UNIBAN em São Paulo. A situação vexatória a qual foi submetida por seus colegas de universidade, por estar vestida de modo a demonstrar o poder que tem sobre o seu corpo, em pouco se diferencia do constrangimento ao qual fomos submetidas na noite de 29 de abril, no PAF 3, afora o substancial fato de quem patrocinou o ato.

Naquele momento, me dei conta de que o caminho para alcançar a superação do machismo é uma longa estrada a ser percorrida. Pergunto-me quais de nós possui o real e necessário compromisso com esta questão. Quantas de nós estamos livres da chaga machista e aptas a enfrentar debates sobre a nossa sociedade, sendo vistas apenas como seres políticos? A decepção é larga eprofunda. Ser hostilizada por mulheres que se apresentam como aliadas – que atuam através da MMM (Marcha Mundial de Mulheres), que travam batalhas, junto com a UBM (União Brasileira de Mulheres) e outras tantas entidades representativas da mulheres, no sentido de fazer um presente e construir um futuro de igualdade e equidade de gênero – é de uma dor desmedida.
Junto com a decepção, surge também a vergonha. Parece que, de alguma forma, os anos de labuta, ali, foram reduzidos a pó, por companheiras que se mostraram confusas e imaturas em sua atitude, deixando cair a máscara da incompreensão sobre a ação de combate, fazendo emergir o monstro do machismo. Não pretendemos dividir o movimento feminista. O que propomos aqui é uma reflexão sobre a prática e a contradição na atuação cotidiana das mulheres que o organizam. Sabemos que os segmentos de tal movimento, possuem em seus quadros muitas companheiras aguerridas que, comprometidas com a causa, trabalham para a formação e conscientização das que ainda se encontram em estágio imaturo e embrionário, muito embora tenham potencial e predisposição para a guerra.

Esse ano, de eleição para a Presidência da República, é um marco para a luta das mulheres. Teremos uma candidata alinhada com o atual projeto de progresso e desenvolvimento social, comprometida com a soberania do país, feminista e com qualificação política. Nós, mulheres da União da Juventude Socialista, estaremos nesta batalha para conduzi-la ao posto máximo da política e do poder no Brasil.

Seguiremos empenhadas em fazer com que a sociedade supere o machismo. A luta é árdua, mas a perseverança e o objetivo são características da militância, que tem o fortalecimento da nação como caminho e o socialismo como rumo. Travaremos muitos debates para ver florescer o Brasil como nunca se viu, sem desigualdades sócio-raciais e onde nós, mulheres, sejamos vistas pela nossa competência. Seguiremos atuando para ser muito mais Brasil, como, oportunamente, preconiza o lema do 15º Congresso da UJS.

Aline Moreira, Dir. de Cultura- UJS Bahia.
UNEGRO
UNIÃO BRASILEIRA DE MULHERES

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A marca classista do 1º de Maio

“Se acreditais que enforcando-nos podeis conter o movimento operário, esse movimento constante em que se agitam milhões de homens que vivem na miséria, os escravos do salário; se esperais salvar-vos e acreditais que o conseguireis, enforcai-nos! Então vos encontrarei sobre um vulcão, e daqui e de lá, e de baixo e ao lado, de todas as partes surgirá a revolução. É um fogo subterrâneo que mina tudo”. Augusto Spies, 31 anos, diretor do jornal Diário dos Trabalhadores.

“Se tenho que ser enforcado por professar minhas idéias, por meu amor à liberdade, à igualdade e à fraternidade, então nada tenho a objetar. Se a morte é a pena correspondente à nossa ardente paixão pela redenção da espécie humana, então digo bem alto: minha vida está à disposição. Se acreditais que com esse bárbaro veredicto aniquilais nossas idéias, estais muito enganados, pois elas são imortais''. Adolf Fischer, 30 anos, jornalista.

“Em que consiste meu crime? Em ter trabalhado para a implantação de um sistema social no qual seja impossível o fato de que enquanto uns, os donos das máquinas, amontoam milhões, outros caem na degradação e na miséria. Assim como a água e o ar são para todos, também a terra e as invenções dos homens de ciência devem ser utilizadas em benefício de todos. Vossas leis se opõem às leis da natureza e utilizando-as roubais às massas o direito à vida, à liberdade e ao bem-estar”. George Engel, 50 anos, tipógrafo.

“Acreditais que quando nossos cadáveres tenham sido jogados na fossa tudo terá se acabado? Acreditais que a guerra social se acabará estrangulando-nos barbaramente. Pois estais muito enganados. Sobre o vosso veredicto cairá o do povo americano e do povo de todo o mundo, para demonstrar vossa injustiça e as injustiças sociais que nos levam ao cadafalso”. Albert Parsons lutou na guerra da secessão nos EUA.

As corajosas e veementes palavras destes quatro líderes do jovem movimento operário dos EUA foram proferidas em 20 de agosto de 1886, pouco após ouvirem a sentença do juiz condenando-os à morte. Elas estão na origem ao 1º de Maio, o Dia Internacional dos Trabalhadores. Na atual fase da luta de classes, em que muitos aderiram à ordem burguesa e perderam a perspectiva do socialismo, vale registrar este marco histórico e reverenciar a postura classista destes heróis do proletariado. A sua saga serve de referência aos que lutam pela superação da barbárie capitalista.

A origem do 1º de Maio está vinculada à luta pela redução da jornada de trabalho, bandeira que mantém sua atualidade estratégica. Em meados do século XIX, a jornada média nos EUA era de 15 horas diárias. Contra este abuso, a classe operária, que se robustecia com o acelerado avanço do capitalismo no país, passou a liderar vários protestos. Em 1827, os carpinteiros da Filadélfia realizaram a primeira greve com esta bandeira. Em 1832, ocorre um forte movimento em Boston que serviu de alerta à burguesia. Já em 1840, o governo aprova o primeiro projeto de redução da jornada para os funcionários públicos.

Greve geral pela redução da jornada

Esta vitória parcial impulsionou ainda mais esta luta. A partir de 1850, surgem as vibrantes Ligas das Oito Horas, comandando a campanha em todo o país e obtendo outras conquistas localizadas. Em 1884, a Federação dos Grêmios e Uniões Organizadas dos EUA e Canadá, futura Federação Americana do Trabalho (AFL), convoca uma greve nacional para exigir a redução para todos os assalariados, “sem distinção de sexo, ofício ou idade”'. A data escolhida foi 1º de Maio de 1886 - maio era o mês da maioria das renovações dos contratos coletivos de trabalho nos EUA.

A greve geral superou as expectativas, confirmando que esta bandeira já havia sido incorporada pelo proletariado. Segundo relato de Camilo Taufic, no livro “'Crônica do 1º de Maio”, mais de 5 mil fábricas foram paralisadas e cerca de 340 mil operários saíram às ruas para exigir a redução. Muitas empresas, sentindo a força do movimento, cederam: 125 mil assalariados obtiveram este direito no mesmo dia 1º de Maio; no mês seguinte, outros 200 mil foram beneficiados; e antes do final do ano, cerca de 1 milhão de trabalhadores já gozavam do direito às oito horas.

“Chumbo contra os grevistas”, prega a imprensa

Mas a batalha não foi fácil. Em muitas locais, a burguesia formou milícias armadas, compostas por marginais e ex-presidiários. O bando dos “'Irmãos Pinkerton” ficou famoso pelos métodos truculentos utilizados contra os grevistas. O governo federal acionou o Exército para reprimir os operários. Já a imprensa burguesa atiçou o confronto. Num editorial, o jornal Chicago Tribune esbravejou: “O chumbo é a melhor alimentação para os grevistas. A prisão e o trabalho forçado são a única solução possível para a questão social. É de se esperar que o seu uso se estenda”.

A polarização social atingiu seu ápice em Chicago, um dos pólos industriais mais dinâmicos do nascente capitalismo nos EUA. A greve, iniciada em 1º de Maio, conseguiu a adesão da quase totalidade das fábricas. Diante da intransigência patronal, ela prosseguiu nos dias seguintes. Em 4 de maio, durante um protesto dos grevistas na Praça Haymarket, uma bomba explodiu e matou um policial. O conflito explodiu. No total, 38 operários foram mortos e 115 ficaram feridos.

Os oito mártires de Chicago

Apesar da origem da bomba nunca ter sido esclarecida, o governo decretou estado de sítio em Chicago, fixando toque de recolher e ocupando militarmente os bairros operários; os sindicatos foram fechados e mais de 300 líderes grevistas foram presos e torturados nos interrogatórios. Como desdobramento desta onda de terror, oito líderes do movimento - o jornalista Auguste Spies, do “'Diário dos Trabalhadores”', e os sindicalistas Adolf Fisher, George Engel, Albert Parsons, Louis Lingg, Samuel Fielden, Michael Schwab e Oscar Neebe - foram detidos e levados a julgamento. Eles entrariam para a história como “Os Oito Mártires de Chicago”.

O julgamento foi uma das maiores farsas judiciais da história dos EUA. O seu único objetivo foi condenar o movimento grevista e as lideranças anarquistas, que dirigiram o protesto. Nada se comprovou sobre os responsáveis pela bomba ou pela morte do policial. O juiz Joseph Gary, nomeado para conduzir o Tribunal Especial, fez questão de explicitar sua tese de que a bomba fazia parte de um complô mundial contra os EUA. Iniciado em 17 de maio, o tribunal teve os 12 jurados selecionados a dedo entre os 981 candidatos; as testemunhas foram criteriosamente escolhidas. Três líderes grevistas foram comprados pelo governo, conforme comprovou posteriormente a irmã de um deles (Waller).

A maior farsa judicial dos EUA

Em 20 de agosto, com o tribunal lotado, foi lido o veredicto: Spies, Fisher, Engel, Parsons, Lingg, Fielden e Schwab foram condenados à morte; Neebe pegou 15 anos de prisão. Pouco depois, em função da onda de protestos, Lingg, Fielden e Schwab tiveram suas penas reduzidas para prisão perpétua. Em 11 de novembro de 1887, na cadeia de Chicago, Spies, Fisher, Engel e Parsons foram enforcados. Um dia antes, Lingg morreu na cela em circunstâncias misteriosas; a polícia alegou “suicídio”. No mesmo dia, os cinco “'Mártires de Chicago” foram enterrados num cortejo que reuniu mais de 25 mil operários. Durante várias semanas, as casas proletárias da região exibiram flores vermelhas em sinal de luto e protesto.

Seis anos depois, o próprio governador de Illinois, John Altgeld, mandou reabrir o processo. O novo juiz concluiu que os enforcados não tinham cometido qualquer crime, “tinham sido vitimas inocentes de um erro judicial”. Fielden, Schwab e Neebe foram imediatamente soltos. A morte destes líderes operários não tinha sido em vão. Em 1º de Maio de 1890, o Congresso dos EUA regulamentou a jornada de oito horas diárias. Em homenagem aos seus heróis, em dezembro do mesmo ano, a AFL transformou o 1º de Maio em dia nacional de luta. Posteriormente, a central sindical, totalmente corrompida e apelegada, apagaria a data do seu calendário.

Em 1891, a Segunda Internacional dos Trabalhadores, que havia sido fundada dois anos antes e reunia organizações operárias e socialistas do mundo todo, decidiu em seu congresso de Bruxelas que “no dia 1º de Maio haverá demonstração única para os trabalhadores de todos os países, com caráter de afirmação de luta de classes e de reivindicação das oito horas de trabalho”. A partir do congresso, que teve a presença de 367 delegados de mais de 20 países, o Dia Internacional dos Trabalhadores passou a ser a principal referência no calendário de todos os que lutam contra a exploração capitalista.

Publicado no blog do Miro
www.altamiroborges.blogspot.com

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Um pequeno Brasil chamado Pará

Há alguns anos escrevi uma nota para um blog aqui do estado sobre a polêmica da divisão do Pará. A nota tinha um perfil muito específico para o momento e para aquele blog, mas fundamentalmente representou a minha opinião e de outas tantas pessoas.

Convocação do Plebiscito

Na quarta-feira (14/04) foi aprovada na Câmara a urgência para a votação da matéria que convoca o plebiscito sobre a divisão do Estado do Pará em três, criando os Estados do Tapajós e Carajás.

O Plebiscito oportuniza a manifestação de toda a população do Pará, mas há que se dizer da necessidade de maiores estudos e debates entre os setores da sociedade civil organizada, estudos dos impactos econômicos, políticos e sociais, e o próprio poder público, anteriores à consulta que deve ser feita à população, que possam subsidiar as opiniões de forma consequente, visando avanços no desenvolvimento das diversas regiões e não apenas o que corresponderia ao oeste, sul e sudeste.


Um novo Pará, um novo Brasil

Em meio a todos os aspectos que vem sendo apresentado ao longo dos anos, em especial uma situação de abandono vivido por todo o Pará nos 12 anos de governo demo-tucano, outros precisam ser avaliados, novas realidades que vem sendo construídas a partir de uma nova forma de ver e construir o Estado, que teve início em 2007, com a eleição da governadora Ana Júlia, e com massivo apoio da população e dos partidos mais progressistas, como o PCdoB.

O objetivo aqui não é fazer defesa do governo, mas reconhecer que nossa realidade é bem outra!
Em um estado com as dimensões e características tão particulares como o nosso, é impossível fazer avaliações frias e oportunistas como vem surgindo de algumas "lideranças" políticas. Também é impossível dizer que conseguimos alcançar um patamar de desenvolvimento equivalente entre as regiões e ideal para a população.

O fato é que o Pará mudou pra melhor sim! O projeto de desenvolvimento prioriza quem estava esquecido, dá oportunidades e inverte prioridades. Caminha na estrada certa, inclui, valoriza, cuida, aprende e ensina, dentro de um país que também mudou. Com dimenensões continentais, uma incrível diversidade cultural, social, econômica e financeira. Um país que cresceu, se afirmou se fez de todos e todas e será cada vez mais. Esse deve ser um dos aspectos centrais de todas essas discussões, em qual estrada vamos caminhar?

A voz do povo é a voz do povo!!!!

A defesa do plebiscito é justa e deve ser feita por todos e todas, com todas as informações a que temos direito, com todos os estudos que precisamos, e com ampla participação.

Acredito que é nosso momento de nos (re)conhecer enquanto Estado, estado, povo, população, indentidade. Afinal a beleza da diversidade, a luta contra as desigualdades, a força do povo é a cara do Pará, é a cara do Brasil.


Maíra Nogueira