quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Com Evo, somos MAS

Artigo do nosso amigo e camarada Luciano Rezendo, publicado originalmente no Portal Vermelho

A vitória de Evo Morales é daquelas de lavar a alma. Uma contundente resposta aos reacionários que sempre ridicularizaram o primeiro presidente indígena da Bolívia. Quis a história que fosse esse legítimo filho da terra o autor da proeza de, logo em seu primeiro mandato, ter duplicado o PIB do país e deixado o posto de nação mais pobre da América do Sul.

Uma retumbante vitória eleitoral do Movimento ao Socialismo (MAS) que reflete o êxito econômico e social que, ademais, logrou eleger mais de dois terços de parlamentares ao congresso. A oposição conservadora, que tentou dividir o país, agora propõe ser mais “responsável”.

Muito diferente era o cenário de três anos atrás, quando o governo celebrava o seu primeiro ano na presidência. Na oportunidade, houve a Cúpula Social pela Integração dos Povos em Cochabamba, e a situação era bem delicada. Estudantes brasileiros, representados pela Organização Continental Latino-americana e Caribenha de Estudantes (Oclae), e demais representantes do movimento social de toda a América Latina, puderam sentir de perto o poderio da grande imprensa boliviana em sua pesada campanha de difamação contra o governo central. Faziam grande alarde, na época, com uma campanha intitulada de 2/3 (dois terços), cujo objetivo central era inviabilizar as mudanças progressistas na Constituição, propostas por Evo. Bradavam, cinicamente, o retorno da democracia aviltada pelo índio rebelde (leia-se, a volta da direita conservadora - aglutinada em torno do Podemos “Poder Democrático e Social” ao poder).

Em apenas um ano de governo a direita já se apresentava desesperada com a nova agenda inaugurada por Evo. Era demais para os conservadores, que sempre digiram o país de forma subserviente, assistir de camarote a nacionalização dos hidrocarbonetos; a renegociação do preço do gás com o Brasil e a Argentina; a criação da bolsa Juancito Pinto (uma espécie de bolsa-família); a nova Lei de Reforma Agrária e vários convênios com Cuba e Venezuela que, entre outras coisas, permitiram chegar aos recônditos mais inóspitos do território boliviano cerca de 2,5 mil médicos, além de máquinas agrícolas e professores. Como se não bastasse, o governo do presidente Evo Morales conseguiu as façanhas de, na época, lograr um superávit fiscal a 6% do PIB, duplicar as exportações e auferir ao Banco Central reservas de três bilhões de dólares. O jornal argentino El Clarín, do dia 27 de dezembro de 2006, reportava bem a situação da Bolívia: Economia boliviana vai bem, embora exista crise política.

Foi justamente essa crise política que persistiu ininterruptamente durante os quatro anos de governo Evo, incendiada diuturnamente por uma direita raivosa que de tudo fez para dividir o país e depor o presidente democraticamente eleito pela maioria do povo boliviano. Mas fracassaram, embora muitos bolivianos tenham pagado com a própria vida por enfrentarem a sanha golpista.

No decorrer de seu mandato, Evo Morales conseguiu avançar ainda mais em seu programa bolivariano e agora sinaliza por mais mudanças ao propor a industrialização do país e acentuar o combate à pobreza.

A consigna que percorreu toda a Bolívia que expressava que “Con Evo somos MAS” (com Evo, somos mais), em alusão ao seu partido, ratifica bem o sentimento de todos os democratas do mundo que comemoram mais essa vitória: Com Evo, nós somos e podemos mais. Bem mais
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* Engenheiro agrônomo, mestre em Entomologia e doutorando em Genética. Da direção estadual do PCdoB - MG

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